domingo, 21 de fevereiro de 2021

Aprendizes...

 

Um discípulo foi até o porão do velho convento. 

Era naquele lugar que vivia um homem muito sábio. O jovem empurrou a pesada porta, entrou e demorou um pouco para acostumar os olhos com a pouca luminosidade. 

Finalmente, ele localizou o ancião sentado atrás de uma escrivaninha. Apesar do escuro, ele fazia anotações num grande livro. 

O discípulo se aproximou com respeito e perguntou, ansioso pela resposta: 

– Mestre, qual o sentido da vida? 

O monge permaneceu em silêncio. Apenas apontou um pedaço de pano no chão junto à parede. Depois apontou seu indicador para o alto, para o vidro da janela, cheio de poeira e teias de aranha. 

Mais que depressa, o discípulo pegou o pano e subiu – em uma estante. Conseguiu alcançar a vidraça, começou a esfregá-la com força, retirando a sujeira que impedia a transparência. 

O sol inundou o aposento e iluminou com sua luz dezenas de papiros e pergaminhos com anotações. 

Cheio de alegria, o jovem declarou: 

– Entendi, mestre. Devemos nos livrar de tudo aquilo que não permita o nosso aprendizado. Buscar tirar o pó dos preconceitos e as teias das opiniões que impedem que a luz do conhecimento nos atinja. Só então poderemos enxergar as coisas com mais nitidez. 

Fez uma reverência e saiu do aposento, a fim de comunicar aos amigos o que aprendera. 

O velho monge sentiu os raios do sol a invadir o quarto com a claridade da qual se desacostumara. Viu o discípulo se afastando, sorriu levemente e falou: 

– Mais importante do que aquilo que alguém mostra é o que o outro enxerga. Afinal, eu só queria que ele colocasse o pano no lugar de onde caiu. 

(Autor Desconhecido)

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