A cansada ex-professora se aproximou do balcão do supermercado. Sua perna esquerda doía e ela esperava ter tomado todos os comprimidos do dia: para pressão alta, tonteira e um grande número de outras enfermidades.
“Graças a Deus eu me aposentei há vários anos” − ela pensou. “Não tenho energia para ensinar hoje em dia.”
Imediatamente, antes de se formar a fila para o balcão, ela viu um rapaz com quatro crianças e uma esposa, ou namorada, grávida. A professora não pôde deixar de notar a tatuagem em seu pescoço.
“Ele esteve preso” − pensou.
Continuou a observá-lo. Sua camiseta branca, cabelo raspado e calças largas levaram-na a conjeturar:
“Ele é membro de uma gangue.”
A professora tentou deixar o homem passar na sua frente.
− Você pode ir primeiro − ofereceu.
− Não, a senhora primeiro − ele insistiu.
−Não, você está com mais gente − disse a professora.
− Devemos respeitar os mais velhos − defendeu-se o homem.
E, com isto, fez um gesto largo indicando o caminho para a mulher.
Um breve sorriso adejou em seus lábios enquanto ela mancou na frente dele. A professora que existia dentro dela não pôde desperdiçar o momento e, virando-se para ele, perguntou:
− Quem lhe ensinou boas maneiras?
− A senhora, senhora Simpson, na terceira série.
Paul Karrer
(Do livro: “Histórias para Aquecer o Coração”)
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