sábado, 20 de fevereiro de 2021

Boas maneiras

 

A cansada ex-professora se aproximou do balcão do supermercado. Sua perna esquerda doía e ela esperava ter tomado todos os comprimidos do dia: para pressão alta, tonteira e um grande número de outras enfermidades. 

“Graças a Deus eu me aposentei há vários anos” − ela pensou. “Não tenho energia para ensinar hoje em dia.” 

Imediatamente, antes de se formar a fila para o balcão, ela viu um rapaz com quatro crianças e uma esposa, ou namorada, grávida. A professora não pôde deixar de notar a tatuagem em seu pescoço. 

“Ele esteve preso” − pensou. 

Continuou a observá-lo. Sua camiseta branca, cabelo raspado e calças largas levaram-na a conjeturar: 

“Ele é membro de uma gangue.” 

A professora tentou deixar o homem passar na sua frente. 

− Você pode ir primeiro − ofereceu. 

− Não, a senhora primeiro − ele insistiu. 

−Não, você está com mais gente − disse a professora. 

− Devemos respeitar os mais velhos − defendeu-se o homem. 

E, com isto, fez um gesto largo indicando o caminho para a mulher. 

Um breve sorriso adejou em seus lábios enquanto ela mancou na frente dele. A professora que existia dentro dela não pôde desperdiçar o momento e, virando-se para ele, perguntou: 

− Quem lhe ensinou boas maneiras? 

− A senhora, senhora Simpson, na terceira série. 

Paul Karrer 

(Do livro: “Histórias para Aquecer o Coração”)


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