quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

A resposta do caboclo

 

Cornélio Pires em uma de suas anedotas, registrada em livro, conta que um grã-fino, a passeio pelo interior, alugou um cavalo e saiu percorrendo os arredores da cidade, indo parar na casa do caipira. Bem acolhido, entrou e começou a examinar a sala. Ao notar que na parede havia numerosas fotografias, perguntou ao dono da casa: 

- De quem é esse retrato?

- É retrato de mea mãe...

- E aquele outro?

- Aquele é de meu pai... 

Finalmente, vendo a fotografia de um burro bem escanelado com sete palmos de altura, arreio prateado, rédea bambeada, peitoral enfeitado, perguntou:

- Esse também é da família?

- Nhor, não. Mercê tá enganado. Esse num é retrato.

- Quem é então?

- É espêio...

***** 

Cornélio Pires nasceu no dia 13 de julho de 1884, na cidade paulista de Tietê, e morreu de câncer na laringe no dia 17 de novembro de 1958, na capital de São Paulo. Muito cedo, com 14, 15 anos, Cornélio deixou a tranqüilidade do lar e partiu para ganhar a vida, primeiro como biscateiro e aprendiz de tipógrafo, depois como jornalista, poeta, contista e folclorista. Publicou 23 livros, o primeiro em 1910. Fora isso, criou uma companhia de teatro e realizou quatro filmes sobre o dia-a-dia da gente caipira, que tão bem entendia. Em 1929, através do selo Columbia, representado no Brasil de então por Byington & Company – depois Continental e agora Warner Continental – conseguiu realizar o seu grande sonho, que era gravar em disco as diversas manifestações culturais e artísticas do povo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário