terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

Elair

Morava com a mãe desquitada num apartamento da Conde de Bonfim. Sétimo andar. Saía bem cedo para o escritório e voltava por volta das cinco, para ver um pouco de televisão e dormir. 

Um dia, o viu esperando o elevador. Seu coração disparou. Devia ter 25, 26 anos. Moreno claro, cerca de 1,75 de bons músculos. Sorriso encantador. Era de se apaixonar. Passou a marcar seu horário procurava descer junto com ele. Logo passaram a se cumprimentar, mas o rapagão não puxava conversa e isso entristecia Elair. 

Até que um dia o rapaz se animou a conversar e daí em diante, trocavam muitas palavras durante os breves momentos em que o elevador descia. No dia em que ele se despediu e tocou o braço de Elair, talvez tenha notado o suspiro que provocou. 

Elair decidiu que logo falaria com ele, propondo saírem juntos para um programa. Então, tendo tomado essa decisão, aguardou o momento oportuno. 

E num sábado, Elair desceu para comprar pão, leite e o jornal. Tomou o elevador e quando este abriu as portas no seu andar, deu de cara com o rapaz. Ele estava de braços com duas lindas moças, que se apressou em apresentar a Elair, dizendo que iam à praia, e que Elair podia acompanhá-los, se quisesse. Elair agradeceu o convite, mas recusou, tristemente. E se lamentou por Deus tê-lo feito nascer num corpo de homem... apesar do dúbio nome: Elair. 

(Vilaça − 30/04/98)

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