segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

Voltando pro Nordeste

 Jessier Quirino

Seu motorista, siga pro Nordeste,

Que eu sou cabra da peste, quero ver o meu xodó.

Mas na carreira, não passe de uma centena,

Ligue o rádio, puxe a antena,

Sintonize num forró. 

Daqui pra frente são três dias de viagem,

Eu já tô vendo miragem

É a saudade matadeira.

Sinto o balanço da minha rede amarela,

Quando o carro na banguela embiloca na ladeira.

Nesse balanço eu sinto cheiro de cachaça,

De rolinha com fumaça, cheiro quente de beiju.

Ouço o ciscado do frango de capoeira,

Dos pinto na piadeira,

Mugido de boi-zebu. 

Eu tô sentindo cheiro azedo de “coaiada”,

Cheiro bom de tripa assada subindo do fogareiro.

Escuto o berro da “oveia” desgarrada,

Chocaiado da boiada,

Aboio do boiadeiro.

Escuto o choro dos meninos arengando,

Só tem doze se criando e a tudim eu quero bem.

Não vejo a hora de chegar naquela sala

De abrir a minha mala, distribuir os terem. 

Seu motorista, lá no fim desse asfalto,

O senhor pare que eu salto

Que minha goela deu um nó.

Tá vendo aquela dentro daquela rede amarela?

Adivinhe quem é ela:

Ela é o meu xodó! 

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