Jessier Quirino
Seu
motorista, siga pro Nordeste,
Que
eu sou cabra da peste, quero ver o meu xodó.
Mas
na carreira, não passe de uma centena,
Ligue
o rádio, puxe a antena,
Sintonize num forró.
Daqui
pra frente são três dias de viagem,
Eu
já tô vendo miragem
É
a saudade matadeira.
Sinto
o balanço da minha rede amarela,
Quando
o carro na banguela embiloca na ladeira.
Nesse
balanço eu sinto cheiro de cachaça,
De
rolinha com fumaça, cheiro quente de beiju.
Ouço
o ciscado do frango de capoeira,
Dos
pinto na piadeira,
Mugido de boi-zebu.
Eu
tô sentindo cheiro azedo de “coaiada”,
Cheiro
bom de tripa assada subindo do fogareiro.
Escuto
o berro da “oveia” desgarrada,
Chocaiado
da boiada,
Aboio
do boiadeiro.
Escuto
o choro dos meninos arengando,
Só
tem doze se criando e a tudim eu quero bem.
Não
vejo a hora de chegar naquela sala
De abrir a minha mala, distribuir os terem.
Seu
motorista, lá no fim desse asfalto,
O
senhor pare que eu salto
Que
minha goela deu um nó.
Tá
vendo aquela dentro daquela rede amarela?
Adivinhe
quem é ela:
Ela é o meu xodó!
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