Ronald de Carvalho
Faze do instante que passa
toda a tua inspiração,
que o mundo cheio de graça
caberá na tua mão.
Sê
sóbrio: com um copo de água,
um
fruto e um pouco de pão,
nem
sombra de leve mágoa
cortará
teu coração...
Ama
a rude terra virgem,
com
todo o teu rude amor;
pois
colherás na vertigem
de
cada sonho uma flor.
Sofre
em silêncio, sozinho,
porque
os sofrimentos são
o
mais saboroso vinho
para
a sombra e a solidão...
E,
quando um dia o cansaço
descer
ao teu coração,
une
à terra o peito lasso,
e
morre, beijando o chão.
Morre,
assim como indeciso
fumo
que nos ares vai;
morre
num breve sorriso,
como
uma folha que cai...
Ronald de Carvalho, in “Poemas da vida”,
no livro “Poemas e Sonetos”, 1919.
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