Política
em versos. Sonetos
humorísticos. São Paulo: Livraria Editora Antonio de Carvalho, s.d. 160 p.
14x19 cm. Capa do caricaturista Manolo. Poemas datados entre 1950 e 1953. Col.
A.M.
No escritório
−
Eu não suporto mais esta opressão!
Sou
comunista revolucionário
Gosto
da liberdade e sou adversário
Daquele
que se diz chefe ou patrão.
Isto
aqui não é vida: é escravidão.
E
assim não pôde ser! O proletário
Não
se espezinha mais! Pelo contrário,
(E
nisso chega o chefe da seção).
−
Pois é, como eu dizia, neste mundo
A
disciplina é tudo, e no trabalho
Quem
costuma queixar-se é o vagabundo.
E
nosso chefe, um homem tão abnegado...
Oh,
bom dia! Está aqui, senhor Carvalho?
Peço
perdão... não tinha reparado.
“Cautela e caldo de galinha...”
Já
desaparecida a agitação:
Que
a escolha de um governo sempre encerra.
Está-se
inaugurando em nossa terra
Uma
era de paz e compreensão.
Getúlio,
o novo chefe da Nação,
A
quem o povo em pânico se aferra,
Não
mostra ter propósitos de guerra;
E
os chefes dos Estados também não.
Estes,
segundo informam os jornais,
Com
palavras abertas e leais
Hipotecam
apoio ao Presidente;
Tão
espontâneas manifestações;
Demonstram
que não há mais dissensões;
E,
também, que mais vale; ser prudente.
Feitos à máquina
A
nossa situação vai melhorar.
Se
é verdade o que dizem os jornais,
Daqui
por diante não teremos mais
Nenhum
motivo pra nos lastimar.
Informa
a imprensa que para votar
Vão
ser usadas máquinas, as quais
Irão
cuidar dos nossos ideais
Poupando-nos
o esforço de pensar.
Tais
aparelhos foram inventados
Pra
se obter em pouquíssimos instantes
Bons
vereadores e hábeis deputados.
E
assim podermos, com satisfação,
Dizer:
− “O quê !... nossos representantes?
Todos
feitos à máquina eles são!”
Na qualidade de neto de Lisindo, de quem herdei o primeiro nome, fico muito feliz com esta referência, da qual tomei ciência hoje, ao trabalho de meu avô. Pretendo reeditar este livro, pois os sonetos, infelizmente, estão mais atuais do que nunca!
ResponderExcluirNuma coisa concordamos: o livro realmente merece ser reeditado. Ele faz crítica à ditadura do Estado Novo (1930-1945)
ResponderExcluire faria novamente se o ex-presidente desse o golpe que queria dar...