terça-feira, 5 de janeiro de 2021

A viagem

 

De novo, fui ao norte do Estado. Era uma sexta-feira e chovia um pouco. Como não estava ao volante, dediquei-me a ver a paisagem verdejante enquanto a brisa de fim de tarde me trazia o ar úmido das cercanias.

Interessante como um pouco de chuva fina torna verde das matas bem mais cintilante, mais vivo. Os tufos de capim, que sem dúvida estavam a ponto de secar, estão agora viçosos, robustos. A paisagem irradia vida.

Aqui e ali, estradinhas (aquelas de que tanto gosto), aparecem e desaparecem, circundando barrancos avermelhados. Nela vemos sulcos provocados pelas carroças, todos agora cheios d’água de chuva.

Pinheiros estremecem com a brisa e lançam nuvens molhadas para o solo, parecendo tiritar de frio. Como se desenvolvem em grupo, deixam a impressão de que procuram se aquecer uns aos outros.

Logo aparece a via férrea de bitola simples. Os trilhos brilham com a fraca luz da tarde que morre. Logo, avisto o tremzinho, com poucos vagões, todos de carga, que se arrasta lentamente, como se quisesse, como eu, sentir toda magia que o local, a hora, a chuva, irradiam.

Fim de tarde chuvoso, triste e terrivelmente lindo.

A chuva aumenta. Fecho o vidro do carro. No rádio, está tocando “Dream a Little Dream of Me”.

Tudo a ver. 

Clarival Vilaça

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