Em memória de todos os mortos pelas ditaduras de qualquer país, e contra político que homenageia torturador.
Os inimigos
Aqui eles trouxeram os fuzis
repletos
de pólvora, eles comandaram o acerbo extermínio,
eles aqui encontraram um povo que cantava,
um povo por dever e por amor reunido,
e a delgada menina caiu com a sua bandeira,
e o jovem sorridente girou a seu lado ferido,
e o estupor do povo viu os mortos tombarem
com fúria e dor.
E não, no lugar
onde tombaram os assassinados,
baixaram as bandeiras para se empaparem do sangue
para se erguerem de novo diante dos assassinos.
Por estes mortos, nossos
mortos,
peço castigo.
Para os que salpicaram a
pátria de sangue,
peço castigo.
Para o verdugo que ordenou
esta morte,
peço castigo.
Para o traidor que ascendeu
sobre o crime,
peço castigo.
Para o que deu a ordem de
agonia,
peço castigo.
Para os que defenderam este
crime,
peço castigo.
Não quero que me deem a mão
empapada de nosso sangue.
Peço castigo.
Não vos quero como Embaixadores,
tampouco em casa tranquilos,
quero ver-vos aqui julgados,
nesta praça, neste lugar.
Quero castigo.
*****
Tradução de Paulo Mendes
Campos
Revista por Maria José de Queiroz
Difel/Difusão Editorial – edição 1979
Pablo Neruda, nascido Ricardo Eliécer Neftalí Reyes Basoalto − Parral, 12 de julho de 1904 − Santiago, 23 de setembro de 1973 (69 anos), foi um poeta chileno, considerado um dos mais importantes poetas da língua castelhana do século XX e cônsul do Chile na Espanha (1934 − 1938) e no México. Recebeu o Nobel de Literatura em 1971, enquanto ocupava o cargo de embaixador na França, nomeado pelo então presidente chileno Salvador Allende.
Originalmente um pseudônimo, a escolha do nome “Pablo Neruda” ocorreu aos 17 anos de idade, e foi uma declaração de afinidade com o escritor checo Jan Neruda. Esse pseudônimo seria utilizado durante toda a vida e tornou seu nome legal, após ação de modificação do nome civil.
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