(Esta história faz parte do folclore futebolístico)
Seleção gaúcha,
representando o Brasil, foi campeã pan-americana de futebol no México.
O calendário do Pan-Americano marcava rodada dupla para a noite de 6 de março de 1956. Na preliminar, Argentina X Costa Rica e no jogo de fundo, Brasil X Peru. O time brasileiro era o mesmo que iniciou a partida contra o Chile: Sérgio, Oréco, Florindo, Ênnio Rodrigues e Duarte; Odorico e Ênio Andrade; Luizinho, Bodinho, Larry e Raul.
Mesmo
quem estava no Estádio não podia acreditar. Eram 15 minutos do segundo tempo e
a Costa Rica derrotava a Argentina por
O
confronto contra os peruanos era chave na competição. Dois dias antes, eles
haviam derrotado o México por
Florindo mostrou que não estava para brincadeira. Incumbido de marcar Mosquera, não queria passar o mesmo vexame do qual o argentino Cardoso havia sido vítima. Nas duas primeiras divididas, chegou atrasado propositadamente para trombar com o pequenino Mosquera, que naturalmente levava sempre a pior. Indisposto a virar saco de pancada, o peruano recuou e começou a jogar no meio de campo, onde era menos perigoso.
O
perigo agora se chamava Félix Castilho, 36 anos, ponteiro-direito veloz como um
cavalo de corrida. Duarte, encarregado de marcá-lo, não o viu
No segundo tempo, os comandados de Teté praticamente não passaram do meio campo. Em um curto espaço de tempo, Duarte cometeu três faltas consecutivas sobre Félix Castilho. Vendo que o árbitro Alfredo Rossi corria energicamente em sua direção para verbalmente mandá-lo embora de campo (não havia o sistema de cartões), Duarte ajoelhou-se aos seus pés e pediu clemência, só faltando chamar Rossi de Vossa Santidade. Foi perdoado.
Na tentativa de dar mais movimentação ao ataque, Teté tirou Larry, cansado, e colocou Juarez em seu lugar. A torcida, imediatamente, começou a gritar tourito, tourito. Entretanto, quem continuou a melhorar foi a seleção peruana.
A partida assumia requintes de dramaticidade. O capitão Ênnio Rodrigues lesionou-se e precisou ser atendido pelo médico Derly Monteiro e o massagista Moura atrás da goleira de Sérgio. Quando Félix Castilho, sempre ele, driblou dois adversários e entrou área adentro para marcar o gol de empate, Moura atirou a maleta do doutor Derly na bola, fazendo com que o habilidoso ponteiro peruano se perdesse na jogada. O sururu foi geral. Os peruanos queriam a prisão perpétua do massagista brasileiro. Houve troca de empurrões entre vários jogadores, e a pequena área ficou cheia de mercúrio, éter, iodo, algodão e vela. O árbitro não sabia o que marcar, já que o livro de regras era omisso nesse artigo. Decidiu, diplomaticamente, pela cobrança do escanteio.
A segunda vitória em dois jogos mostrou que a gauchada não estava lá para fazer número.
O clube Puebla entregou o troféu da partida, posteriormente colocado na Arca de Troféus.
Mais do que Larry, autor do gol da vitória, o herói da noite foi o massagista Moura, foto abaixo.
(Do livro “1956 Uma
epopeia gaúcha no México”,
de Eduardo Valls – WS
editor)
Nenhum comentário:
Postar um comentário