quinta-feira, 10 de abril de 2014

Pensamentos de Raul Seixas



Raul Seixas por Baptistão

Que o mel é doce é coisa de que me nego afirmar, 
mas que parece doce, eu afirmo plenamente.”

Deus é aquilo que me falta para compreender o que eu não compreendo.”

Não tem nada mais nojento do que quem crê num pensamento.

Acho todo mundo burro. 
Quero tanto dar uns murros
Essa vã necessidade de pensar que é verdade.
Todo mundo acredita isso muito me irrita.
Eles tem que ter um fim.
E eu só acredito em mim.

GITA

(Raul Seixas / Paulo Coelho)


Eu, que já andei pelos
quatro cantos do mundo procurando,
foi justamente num sonho que ele me falou:


Às vezes você me pergunta
Por que eu sou tão calado,
Não falo de amor quase nada,
Nem fico sorrindo ao seu lado.

Você pensa em mim toda hora.
Me come, me cospe e me deixa.
Talvez, você não entenda,
Mas hoje eu vou lhe mostrar.

Eu sou a luz das estrelas.
Eu sou a cor do luar.
Eu sou as coisas da vida.
Eu sou o medo de amar.
Eu sou o medo do fraco,
A força da imaginação;
O blefe do jogador,
Eu sou, eu fui, eu vou...

(Gita, Gita, Gita, Gita, Gita)

Eu sou o seu sacrifício,
A placa de contra-mão,
O sangue no olhar do vampiro,
E as juras de maldição.
Eu sou a vela que acende.
Eu sou a luz que se apaga.
Eu sou a beira do abismo.
Eu sou o tudo e o nada.

Por que você me pergunta?
Perguntas não vão lhe mostrar,
Que eu sou feito da terra,
Do fogo, da água e do ar.

Você me tem todo dia,
Mas não sabe se é bom ou ruim.
Mas saiba que eu estou em você,
Mas
você não está em mim.

Das
telhas eu sou o telhado,
A pesca do pescador,
A letra A tem meu nome.
Dos sonhos, eu sou o amor.

Eu sou a dona de casa,
Nos pegue-pagues do mundo.
Eu sou a mão do carrasco.
Sou raso, largo, profundo...

(Gita, Gita, Gita, Gita, Gita)

Eu sou a mosca na sopa,
E o dente do tubarão.
Eu sou os olhos do cego,
E a cegueira da visão.

Mas eu sou o amargo da língua,
A mãe, o pai e o avô.
O filho que ainda não veio,
O início, o fim e o meio.
Eu sou o início, o fim e o meio.




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