segunda-feira, 7 de abril de 2014

Dois sonetos de Arthur Azevedo


Arthur Azevedo


1855-1908

Ao som do “Danúbio Azul”

“‒ Valsemos? ‒ O seu nome? ‒ Elisa. ‒ Elisa?
Que lindo nome tem! ‒ Acha? ‒ Pudera!
‒ Acerte o passo... ‒ Assim? ‒ Mas não precisa
Apertar-me... É formosa! ‒ Ai, que exagera!

‒ Oh, não cores: eu amo-te! ‒ Quem dera
Fosse verdade... ‒ Tenho-a por divisa...
‒ Acha-me leve? ‒ Eu? ‒ Vejo que me pisa!
‒ Parece-me valsar é uma quimera!

‒ Dá-me esse cravo? ‒ Aqui? ‒ Se lh´o não desse?
‒ Eu vou tirar-lhe da sedosa trança...
Agora um beijo! ‒ Ai, mau! ‒ Se lhe parece...

‒ Que fez... Um beijo?! ‒ Agora, uma esperança...
... Mas felizmente a música emudece.
Se alguns momentos mais dura esta dança!...”

                           Impressões de Teatro
                                                               
Que dramalhão! Um intrigante ousado,
Vendo chegar da Palestina o conde,
Diz-lhe que a pobre da condessa esconde
No seio o fruto de um amor culpado.

Naturalmente o conde ficou irado.
‒ O pai quem é? ‒ pergunta. ‒ Eu! ‒ lhe responde
Um pajem que entra. ‒ Um duelo! ‒ Sim. Quando? Onde?
No encontro morre o amante desgraçado.

Folga o intrigante... Porém surge um mano,
E vendo morto o irmão, perde a cabeça:
Crava um punhal no peito do tirano.

E preso o mano, mata-se a condessa,
Endoidece o marido... e cai o pano,
                    Antes que outra catástrofe aconteça.

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