segunda-feira, 21 de abril de 2014

Folclore Político



Þ Na noite de 31 de março de 1964, quando as tropas do general Mourão Filho desciam de Juiz de Fora para o Rio, o deputado Leonel Brizola e o prefeito Sereno Chaise, de Porto Alegre, à frente de uma multidão, ocupam o Palácio Piratini, sede do governo, e lá instalaram um segundo poder para tentar resistir.
O governador Ildo Meneghetti, que dormia na residência oficial, ao fundo do Palácio, pego de surpresa, entra no carro e sai da cidade às pressas. Exausto com as apreensões dos últimos dias, o velho governador acabou adormecendo no carro. O motorista tocou em frente. Madrugada alta, chegam a Passo Fundo:
- Senhor governador, chegamos a Passo Fundo.
- Por que você veio para cá?
- O senhor mandou. O senhor disse, lá no Palácio: “Passo Fundo!”
- Não. O que eu disse foi: “Pé no fundo!”

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Þ Batista Luzardo lançou um livro de memórias. Quase um século de histórias gaúchas. O velho Severo Luzardo morreu com 110 anos. Era tão antigo, de tal maneira ultrapassou a medida do tempo, que um dia encontrou José Polidoro Machado da Silva, amigo de seu filho Batista, e perguntou:
- Meu filho onde é que você tem andado, que não o vejo nesses últimos 50 anos?

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Þ Botequim de uma cidadezinha do interior do Rio Grande do Sul depois do golpe de 64: - “Vocês ficavam dizendo que os militares fizeram uma injustiça com o Brizola expulsando-o do país porque era comunista.
- Comunista, como? Brizola nunca foi comunista.
- Era comunista escondido. Tanto que foi para Moscou e está lá.
Nada disso. Está ali no Uruguai.
- No Uruguai nada, está em Moscou. Olha aqui o jornal: “Leonid Brejnev, em Moscou, disse ontem...”
- E o que é que tem Leonid Brejnev com Leonel Brizola?
- Então vocês não perceberem o pseudônimo?

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Þ O presidente Costa e Silva chegou a são Paulo, deu entrevista coletiva. Milton Parron, da Rádio Pan-americana, depois de algumas perguntas, saudou o presidente:
- A Jovem Pan deseja a Vossa Excelência feliz estada em São Paulo e uma boa viagem.
- Meu filho, quem é essa jovem?

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Þ Antes de 1930, com voto a descoberto, eleições fraudulentas e referendo posterior pela Assembleia, os maragatos jamais ganhavam. Quando ganhavam não levavam. Houve eleição municipal em Dom Pedrito, os maragatos venceram. O negro Remião ficou enlouquecido de feliz:
- Estou tão satisfeito com essa vitória, que me dá vontade de agarrar esta faca, me matar, só para ir ao céu contar para o doutor Gaspar Martins que até que enfim ganhamos uma.
Uma semana depois, a Assembleia anula a eleição. O avô do deputado Oscar Fontoura foi lá levar a notícia:
Negro Remião coçou a barba rala com a ponta da faca:
- Imagine o senhor se eu me percipito. 


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