terça-feira, 22 de abril de 2014

Duas Crônicas de jornal

Lamentações

Luís Fernando Veríssimo

Estive em Jerusalém e fui ao Muro das Lamentações. Vi um velho judeu que batia com a testa contra o muro e dizia: “Oh, os cristãos, oh, os cristãos”. Como ele estava se machucando, ponderei que não havia mais tanta intolerância entre cristão com judeus, que até o papa já pedira perdão pela perseguição histórica etc. E que ele podia parar de bater com a testa no muro e se machucar. Ele nem me olhou e continuou batendo com a testa no muro, agora dizendo: “Oh, os muçulmanos, oh, os muçulmanos” e eu ponderei que não fazia sentido ele se punir porque existiam muçulmanos radicais, ou qualquer pessoa se automatizar daquele jeito por qualquer motivo ou fé. Ele nem me olhou e continuou batendo com a testa no muro, agora dizendo “Oh, os racionalistas, oh, os racionalistas”.

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Biela Fraturada

Moacyr Scliar

A respeito da matéria que escrevi, "Rebimboca da Parafuseta”, comentando a dificuldade de entender a linguagem automobilística e citando como exemplo a expressão “biela fraturada”, o bem-informado Alexandre Tavares explica: “Biela Fraturada é um elemento de máquina responsável por transmitir o movimento do pistão ao virabrequim, transformando um movimento alternativo em rotativo. O que difere de uma biela comum é o processo de separação do olhal do virabrequim. Na biela tradicional este processo é o de usinagem convencional, o que pode provocar algumas deformações na hora da montagem, devido às imperfeições da superfície de contato, podendo em alguns casos gerar travamento. Na biela fraturada, esta separação é feita, primeiramente, por meio de uma estricção a laser, e, finalmente com a aplicação de esforço de tração no eixo de simetria da biela até a ruptura (fratural) da seção. Com isso, o encaixe da biela no momento da montagem proporciona perfeito ajuste dos casquilhos, minimizando a possibilidade de deformações e travamento do virabrequim.”
Rebimboca da parafuseta é fichinha perto disso.



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