sábado, 5 de abril de 2014

Gauchesca

Antonio Augusto Coronel Cruz




Canto agora nestes versos,
com meu grito entusiasmado,
a lida e o povo gaúcho,
neste rincão abençoado.

Quero falar do chimarrão,

do churrasco e do gaiteiro,
da linda prenda cheirosa

e do ginete faceiro.

Das tropas cruzando as coxilhas.
na toada mansa do tropeiro,

nos tombos nas domas renhidas
e do galpão hospitaleiro.

Canto o minuano cortante,
o poncho amigo e o laço,

a disparada da ema
e a boleadeira cortando o espaço.

Exalto a história dessa gente valente,
simples e altiva,
que tem a liberdade como semente,

brotando da terra nativa.

Sendo farrapo, chimango, maragato

ou peleador no Paraguai,

são os rebentos deste Rio Grande

os filhos honrando o pai.

Canto um tempo iluminado
pelas faíscas das adagas,

pela prata dos arreios
e pelos olhares das amadas

Um tempo de muitas distâncias
vencidas num lombo tobiano
das frescas sangas de pedras
e das noites no chão pampiano.

Vendo a tapera silenciosa,
sinto um aperto no peito,
lembrando o fio do bigode
e outras tradições de respeito.

E me vem uma nostalgia infinita
dessa vida gaudéria e passada,

uma amarga solidão sem consolo,

como a perda da mulher amada.

Mas sigo alimentando o braseiro
e ao patrão do céu peço, sincero,

que proteja este mundo campeiro
e o grito do quero-quero.


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