(Alberto Bastos do
Canto dedicou dezenas de canções a Porto Alegre)
As letras
Rua da Praia
Rua
da Praia, que não tem praia, que não tem rio
Onde
as sereias andam de saia e não de maiô
Rua
da Praia, do jornaleiro, do camelô
Do
estudante que a aula da tarde gazeou
Rua
da Praia da garotinha que quer casar
Do
malandrinho que passa os dias jogando bilhar
Se
as pedras do seu leito algum dia pudessem falar
Quanta
cena de dor e alegria haveriam de contar?
Rua
da Praia de alegres tardes domingueiras
Quando
as calçadas se enfeitam de gauchinhas faceiras
Rua
da Praia da sede do Grêmio e Internacional
Praça da Matriz década de 20
Velha
praça, de jacarandás frondosos
Cujos
ramos majestosos
Dão
sombra tão amiga
Velha
praça, teu recanto ajardinado
Tem
lembranças do passado
Da
cidade à moda antiga
Noutros
tempos, tu tiveste a bailanta
De
que os velhos falam tanto
Com
dor no coração
E
os festejos do Divino Espírito Santo
São
lembrados com saudade
pela
velha geração
Porto
Alegre deixou lá na Praça da Matriz
Tudo
quanto restou de um passado que bem diz
E
lá que está a Casa do Povo e o Tribunal
É
lá que está o velho palácio governamental
Mas
também estão lá as belezas do presente
No
sorriso das crianças e nas orações do crente
Velha
praça, o teu monumento conserva bem vivo
Júlio
Prates de Castilhos e seu ideal positivo
Rio Guaíba
Guaíba,
rio dos paquetes e veleiros
Das
regatas e humildes canoeiros
É
tão doce cortar tuas águas no verão
E
sentir tuas ondas baterem na embarcação
Guaíba
da procissão dos Navegantes
Quantos
barcos navegando em fevereiro
Levam
a imagem da santa padroeira
Aos
festejos da população praieira
E
quando à tardinha o sol dá seus últimos beijos
Em
tuas águas, tão claras, tão limpas, tal qual um espelho
É
tão bom ir na beira da praia e notar
Que
ao longe o céu e a água vão se encontrar
Pela
noite, o marulho sereno das ondas que vão e que vêm
Faz
lembrar o sussurro amoroso do meu bem
Guaíba,
de Belém Novo e de Vila Assunção
Bonitas
praias de verão
Guaíba
das novas pontes de concreto armado
Um
abraço bem forte de Porto Alegre e do Estado
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Um samba pra Redenção
Em 1946, Alberto do Canto, então
ainda estudantes que se preparava ao Direito, compõe um samba em homenagem
àquele logradouro, cantando-lhe as graças e belezas, os seus recantos, seus
frequentadores, seus elementos fixadores. Parque
da Redenção, quatro anos depois era gravado e usado como trilha sonora para
um pequeno filme sobre a cidade. Nada melhor para descrever a sua significação
humana do que a letra daquele samba-canção:
Minha
cidade tem belezas
Onde
os olhos não se cansam de estar.
Que
vale a pena a gente visitar.
Sinto
as palavras tão pequenas
E
tão grandes seus encantos,
Que
um somente, um apenas entre tantos,
Neste
samba eu vou cantar.
Redenção
das crianças, dos velhos e dos namorados,
Dos
fotógrafos, dos vendedores e soldados.
Redenção
das estatuías, dos lagos e dos chafarizes,
Seus
canteiros floridos são sempre um convite aos pintores,
Linda
inspiração aos poetas e compositores.
Redenção
é um Parque variado
Ao
agrado do frequentador
Tem
histórias, comédias, romances de amor.
Assim é a peça de Alberto do
Canto que, infelizmente, ainda não conseguiu imprimir sua música, com certeza
de grande utilidade para a s escolas da capital.
(Do livro “Porto Alegre história e vida da cidade”,
de Francisco Riopardense de Macedo)
Observação:
Outra composição de Alberto
Bastos do Canto, Rua da Praia, um samba-canção, foi gravado em 11 de
agosto de 1954 por Alcides Gerardi com Orquestra, em disco 78 rpm Odeon
(Alberto Bastos do
Canto faleceu no dia 01.04.2004)
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