→ Dircinha e Linda Batista são
casos exemplares de artistas que brilham em determinada época e, depois, são
atropelados pelo tempo. Depois de fazerem sucesso entre os anos 1930 e 1950,
sucumbiram às mudanças ocorridas no cenário musical na década de 1960. Mas não
só: também sofreram com problemas psiquiátricos graves. A história das cantoras
é lembrada neste episódio da série “A mulher na música brasileira”.
A cena era chocante e assustadora. No
centro da sala, uma mulher gorda, o corpo coberto de feridas, os cabelos
desgrenhados, dizia palavrões e ameaçava com uma espécie de borduna a todos que
se aproximavam. Próximo, outra mulher vestida com trapos, ria histericamente e
dizia palavras desconexas. A um canto, encolhida e catatônica, uma terceira
mulher extremamente magra permanecia calada, o olhar perdido. As três mulheres
eram irmãs − e pelo menos duas tinham sido famosas: as cantoras Dircinha (63
anos) e Linda Batista (66), e Odete (70), a mais velha.
O apartamento 301 do prédio nº 625 da
rua Barata Ribeiro, em Copacabana, estava semidestruído, tacos estavam soltos,
as paredes rabiscadas e descascadas, janela quebradas, móveis arrebentados. Com
dificuldades, o cantor José Ricardo, o delgado Rui Dourado e soldados do Corpo
de Bombeiros conseguiram levar as irmãs até uma ambulância do Inamps, que as
conduziu ao Hospital Psiquiátrico Pinel. Do Pinel, Linda foi levada às pressas
para a Unidade de Terapia Intensiva da Clínica Rio-Cor. A agitação e a
agressividade que a dominavam eram agravadas pela arritmia e pelo diabetes. Seu
estado foi considerado crítico pelos médicos que a atenderam. Dircinha e Odete
foram levadas para a Casa de Saúde Doutor Eiras. Ambas estavam devastadas pela
arteriosclerose e pela desnutrição em grau elevado.
Quem poderia imaginar que ali estavam
duas das maiores cantoras brasileiras? Duas cantoras que desfrutaram de fama,
riqueza e prestígio, que se tornaram as preferidas de Getúlio Vargas. Que
cantaram e interpretaram grandes e inesquecíveis sucessos, até hoje lembrados.
Como chegaram àquele ponto?
(Do livro “As Divas da Rádio Nacional”, de
Ronaldo Conde Aguiar)
Linda Batista - 1952
→ Florinda Grandino de Oliveira
(São Paulo, 14 de junho de 1919 − Rio de Janeiro, 17 de abril de 1988), mais
conhecida como Linda Batista, foi uma cantora e compositora brasileira. Era
filha de Batista Júnior e irmã de Dircinha Batista.
À direita, no microfone, Dircinha Batista.
→ Dirce Grandino de Oliveira,
conhecida como Dircinha Batista, à
direita, no microfone, (São Paulo, 7 de abril
de 1922 − Rio de Janeiro, 18 de
junho de 1999)
foi uma atriz e cantora brasileira.
→ Vítima de parada cardíaca, a
cantora Dircinha Batista morreu às 2h30 de ontem, 18 de junho de 1999, no
hospital São Lucas, em Copacabana, na zona sul do Rio. A cantora, que tinha 77
anos e sofria de uma grave disfunção cardíaca, deu entrada na Unidade Coronariana
do hospital por volta da 1h, com edema pulmonar agudo e insuficiência
respiratória.
P.S. A coleção Irmãs Batista foi
doada ao MIS-RJ, em 1988, por Hermínio Bello de Carvalho e é composta por
troféus, discos, documentos iconográficos e textuais, entre roteiros, letras de
músicas, além de revistas e álbuns com recortes de jornais sobre suas
trajetórias artísticas.
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