segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

Gafieira Elite



→ Instalada no mesmo local desde sua fundação, a Gafieira Elite − que viveu seu apogeu com memoráveis bailes orquestrados, serviu de cenário para filmagens e para iniciar amizades − continua animando as noites cariocas e diversificando sua programação, para atrair cada vez mais as novas gerações.

→ Inaugurada com o nome de Elite Club em julho de 1930 pelo proprietário, o português Júlio Simões, logo passou a receber a visita dos mais importantes personagens do mundo artístico. Certa vez, chegou à entrada um jornalista meio embriagado e vestido de maneira inadequada. Ao ser interpelado, ficou irritado e exclamou que “Aquilo era um lugar de gafe, e não um clube de dança!”. O caso acabou sendo citado no jornal e foi a deixa para Seu Júlio rebatizar a casa de Gafieira Elite. Por volta dos anos 50, a Gafieira foi vendida a Juan Page e continua com a mesma família até hoje, sendo gerenciada atualmente por Ester Page.

→ Os bailes da Elite eram sempre animados por grandes orquestras, havia concurso de Musa ou Rainha da Gafieira, dançarinos profissionais davam show na pista e grandes cantores lá se apresentaram, legitimando o sucesso da casa. Para controlar a animação do eclético público, foi criado um estatuto com regras de comportamento que incluíam desde o modo de se vestir aos acalorados beijos na boca. As normas eram tão importantes que o tema serviu de inspiração para Billy Blanco compor a música “Estatuto da Gafieira”. Com o passar dos tempos, algumas regras tiveram que ser abolidas − como entrar de tênis, por exemplo − mas os beijos muito quentes ainda são evitados.

→ Outra adaptação foi feita na programação da casa, que mantém os bailes tradicionais apenas no primeiro e terceiro domingos de cada mês, na chamada Domingueira da Paulinha. Nos outros dias, a juventude lota a pista com festas temáticas e animadas até o dia seguinte clarear. A garotada adora saber que está curtindo o lugar que seus avós frequentavam.

→ Seja através dos mais jovens ou dos mais idosos, como muitos casais que voltam aos bailes para reviver as lembranças do lugar onde se conheceram, a Gafieira Elite vai continuar exercendo sua eterna vocação, proporcionando ao seu cativo público momentos inesquecíveis de pura diversão.


(do Blog Guia Cultural do Centro Histórico do Rio de Janeiro)

Atualmente, com sua charmosa decadência, o local tem um perfil jovem, alternativo e descontraído. As festas sazonais que acontecem nos finais de semana tem como repertório a música brasileira dançante, como Novos Baianos, Mutantes, Chico Science & Nação Zumbi, entre outros. Os preços são acessíveis, inclusive, no bar, que vende três garrafas de cerveja por R$10.

Pelo palco da Gafieira passou muita gente consagrada da música brasileira. Entre tantos, Orquestra Raul de Barros, Orquestra Maestro cipó, Orquestra Tabajara, Caetano Veloso, João Bosco, Beth Carvalho, Billy Blanco, Elba Ramalho e muito, muito mais.


Orquestra Tabajara

Baile no Elite*

João Nogueira e Nei Lopes

Fui a um baile no Elite, atendendo a um convite
Do Manoel Garçom (Meu Deus do Céu, que baile bom!).
Que coisa bacana, já no Campo de Santana
Ouvir o velho e bom som: trombone, sax e pistom.
O traje era esporte, que o calor estava forte,
Mas eu fui de jaquetão, para causar boa impressão.
Naquele tempo era o requinte o linho S-120,
E eu não gostava de blusão (É uma questão de opinião).

Passei pela portaria, subi a velha escadaria
E penetrei no salão. (Quase morri do coração!)**
Quando dei de cara com a Orquestra Tabajara,
E o popular Jamelão, cantando só samba-canção.
Norato e Norega, Macaxeira e Zé Bodega
Nas palhetas e metais (E tinha muitos outros mais.)
No clarinete, o Severino solava um choro tão divino
Desses que já não tem mais (E ele era ainda bem rapaz...).

Refeito dessa surpresa, me aboletei na mesa,
Que eu tinha já reservado (Até paguei adiantado).
Manoel, que é dos nossos, trouxe um pires de tremoços,
Uma cerveja e um traçado (Pra eu não pegar um resfriado).
Tomei minha Brahma, levantei, tirei a dama,
E iniciei meu bailado (No puladinho e no cruzado).
Até Trajano e Mário Jorge, que são caras que não fogem,
Foram se embora humilhados (Eu tava mesmo endiabrado!).

Quando o astro-rei já raiava e a Tabajara caprichava
Seus acordes finais (Para tristeza dos casais).
Toquei a pequena, feito artista de cinema,
Em cenas sentimentais (À luz de um abajur lilás).
Num quarto sem forro, perto do pronto-socorro,
Uma sirene me acordou (Em estado desesperador!).
Me levantei, lavei o rosto, quase morto de desgosto,
Pois foi um sonho e se acabou
(Seu Nélson Motta deu a nota
que hoje o som é rock and roll.)***
(O papo e pop e o hip-hop já chegou e dominou.)****
A Tabajara é muito cara e o velho tempo já passou...).


→ Gafieira Elite continua recebendo muitas presenças ilustres e tem Alcione como madrinha da Casa. O palco do local se chama João Nogueira. Para atrair os jovens, o espaço vem recebendo festas alternativas, mantendo a boemia carioca viva.

*Esta música está na Internet na voz de vários intérpretes, principalmente na voz dos autores: João Nogueira e Nei Lopes.

**Este breque não existe na gravação de João Nogueira, só na de Nei Lopes.

***Este breque existe na gravação de João Nogueira.

**** Este breque existe na gravação de Nei Lopes.

Gafieira Elite

Casa de dança de salão funciona desde 1930 em sobrado histórico e tem ambiente bem animado, música e cervejas.
Endereço: Rua Frei Caneca, 4 - Centro, Rio de Janeiro - RJ, 20211-030
Horário: abre sexta-feira às 23 horas
Telefone: (21) 98181-8030 e (21) 3902-9364


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