→ Instalada no mesmo local desde
sua fundação, a Gafieira Elite − que viveu seu apogeu com memoráveis bailes
orquestrados, serviu de cenário para filmagens e para iniciar amizades −
continua animando as noites cariocas e diversificando sua programação, para
atrair cada vez mais as novas gerações.
→ Inaugurada com o nome de Elite
Club em julho de 1930 pelo proprietário, o português Júlio Simões, logo passou
a receber a visita dos mais importantes personagens do mundo artístico. Certa
vez, chegou à entrada um jornalista meio embriagado e vestido de maneira
inadequada. Ao ser interpelado, ficou irritado e exclamou que “Aquilo era um
lugar de gafe, e não um clube de dança!”. O caso acabou sendo citado no jornal
e foi a deixa para Seu Júlio rebatizar a casa de Gafieira Elite. Por volta dos
anos 50, a
Gafieira foi vendida a Juan Page e continua com a mesma família até hoje, sendo
gerenciada atualmente por Ester Page.
→ Os bailes da Elite eram sempre
animados por grandes orquestras, havia concurso de Musa ou Rainha da Gafieira,
dançarinos profissionais davam show na pista e grandes cantores lá se
apresentaram, legitimando o sucesso da casa. Para controlar a animação do eclético
público, foi criado um estatuto com regras de comportamento que incluíam desde
o modo de se vestir aos acalorados beijos na boca. As normas eram tão
importantes que o tema serviu de inspiração para Billy Blanco compor a música
“Estatuto da Gafieira”. Com o passar dos tempos, algumas regras tiveram que ser
abolidas − como entrar de tênis, por exemplo − mas os beijos muito quentes
ainda são evitados.
→ Outra adaptação foi feita na
programação da casa, que mantém os bailes tradicionais apenas no primeiro e
terceiro domingos de cada mês, na chamada Domingueira da Paulinha. Nos outros
dias, a juventude lota a pista com festas temáticas e animadas até o dia
seguinte clarear. A garotada adora saber que está curtindo o lugar que seus
avós frequentavam.
→ Seja através dos mais jovens ou
dos mais idosos, como muitos casais que voltam aos bailes para reviver as
lembranças do lugar onde se conheceram, a Gafieira Elite vai continuar
exercendo sua eterna vocação, proporcionando ao seu cativo público momentos
inesquecíveis de pura diversão.
(do Blog Guia
Cultural do Centro Histórico do Rio de Janeiro)
Atualmente, com sua charmosa
decadência, o local tem um perfil jovem, alternativo e descontraído. As festas
sazonais que acontecem nos finais de semana tem como repertório a música
brasileira dançante, como Novos Baianos, Mutantes, Chico Science & Nação
Zumbi, entre outros. Os preços são acessíveis, inclusive, no bar, que vende
três garrafas de cerveja por R$10.
Pelo palco da Gafieira passou
muita gente consagrada da música brasileira. Entre tantos, Orquestra Raul de
Barros, Orquestra Maestro cipó, Orquestra Tabajara, Caetano Veloso, João Bosco,
Beth Carvalho, Billy Blanco, Elba Ramalho e muito, muito mais.
Baile no Elite*
João Nogueira e Nei Lopes
Fui a um baile no Elite,
atendendo a um convite
Do Manoel Garçom (Meu Deus do
Céu, que baile bom!).
Que coisa bacana, já no Campo de
Santana
Ouvir o velho e bom som:
trombone, sax e pistom.
O traje era esporte, que o calor
estava forte,
Mas eu fui de jaquetão, para
causar boa impressão.
Naquele tempo era o requinte o
linho S-120,
E eu não gostava de blusão (É uma
questão de opinião).
Passei pela portaria, subi a
velha escadaria
E penetrei no salão. (Quase morri
do coração!)**
Quando dei de cara com a
Orquestra Tabajara,
E o popular Jamelão, cantando só
samba-canção.
Norato e Norega, Macaxeira e Zé
Bodega
Nas palhetas e metais (E tinha
muitos outros mais.)
No clarinete, o Severino solava
um choro tão divino
Desses que já não tem mais (E ele
era ainda bem rapaz...).
Refeito dessa surpresa, me
aboletei na mesa,
Que eu tinha já reservado (Até
paguei adiantado).
Manoel, que é dos nossos, trouxe
um pires de tremoços,
Uma cerveja e um traçado (Pra eu
não pegar um resfriado).
Tomei minha Brahma, levantei,
tirei a dama,
E iniciei meu bailado (No
puladinho e no cruzado).
Até Trajano e Mário Jorge, que
são caras que não fogem,
Foram se embora humilhados (Eu
tava mesmo endiabrado!).
Quando o astro-rei já raiava e a
Tabajara caprichava
Seus acordes finais (Para
tristeza dos casais).
Toquei a pequena, feito artista
de cinema,
Em cenas sentimentais (À luz de
um abajur lilás).
Num quarto sem forro, perto do
pronto-socorro,
Uma sirene me acordou (Em estado
desesperador!).
Me levantei, lavei o rosto, quase
morto de desgosto,
Pois foi um sonho e se acabou
(Seu Nélson Motta deu a nota
que hoje o som é rock and
roll.)***
(O papo e pop e o hip-hop já
chegou e dominou.)****
A Tabajara é muito cara e o velho
tempo já passou...).
→ Gafieira Elite continua
recebendo muitas presenças ilustres e tem Alcione como madrinha da Casa. O
palco do local se chama João Nogueira. Para atrair os jovens, o espaço vem
recebendo festas alternativas, mantendo a boemia carioca viva.
*Esta música está na Internet na
voz de vários intérpretes, principalmente na voz dos autores: João Nogueira e
Nei Lopes.
**Este breque não existe na
gravação de João Nogueira, só na de Nei Lopes.
***Este breque existe na gravação de João Nogueira.
**** Este breque existe na gravação de Nei Lopes.
Gafieira Elite
Casa de dança de salão funciona
desde 1930 em sobrado histórico e tem ambiente bem animado, música e cervejas.
Endereço:
Rua Frei Caneca, 4 - Centro, Rio de Janeiro - RJ, 20211-030
Horário:
abre sexta-feira às 23 horas
Telefone:
(21) 98181-8030 e (21) 3902-9364
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