(Um verdadeiro amor suburbano)
Chico Buarque
Com açúcar, com afeto,
fiz seu doce predileto pra você
parar em casa,
qual o quê!
Com seu terno mais bonito,
você sai, não acredito,
quando diz que não se atrasa...
quando diz que não se atrasa...
Você diz que é operário,
vai em busca do salário
pra poder me sustentar,
pra poder me sustentar,
qual o quê!
No caminho da oficina,
há um bar em cada esquina
pra você comemorar,
pra você comemorar,
sei lá o quê!
Sei que alguém vai sentar junto,
você vai puxar assunto,
discutindo futebol
e ficar olhando as saias
discutindo futebol
e ficar olhando as saias
de quem vive pelas praias
coloridas pelo sol.
coloridas pelo sol.
Vem a noite... mais um copo,
sei que alegre ma non troppo,
você vai querer cantar.
Na caixinha, um novo amigo,
você vai querer cantar.
Na caixinha, um novo amigo,
vai bater um samba antigo,
pra você rememorar...
pra você rememorar...
Quando a noite enfim lhe cansa,
você vem feito criança
pra chorar o meu perdão,
pra chorar o meu perdão,
qual o quê!
Diz pra eu não ficar sentida,
diz que vai mudar de vida
pra agradar meu coração.
pra agradar meu coração.
E ao lhe ver assim cansado,
maltrapilho e maltratado
ainda quis me aborrecer?
ainda quis me aborrecer?
Qual o quê!
Logo vou esquentar seu prato,
dou um beijo em seu retrato
e abro os meus braços... pra você!
e abro os meus braços... pra você!
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