terça-feira, 27 de setembro de 2022

O valor da esmola

 

Um mendigo que esmolava à porta de uma grande mesquita ergueu, certa vez, ao Altíssimo a seguinte prece: 

− Senhor! Fazei com que as primeiras esmolas que me forem dadas hoje tenham para mim o mesmo valor que tiverem aos vossos olhos!

Momentos depois cruzava a mesquita um rico Sheik que regressava de uma festa acompanhado de vários amigos e admiradores. Tomou o orgulhoso de um punhado de ouro e com o fito especial de deslumbrar os que o rodeavam, atirou as rutilantes moedas aos pés do velho mendigo. O infeliz, em sinal de gratidão, beijou o chão que o nobre senhor pisara. 

Quando, porém, procurou juntar as moedas que recebera, notou, com indizível surpresa, que elas se haviam transformado em folhas secas.

No mesmo instante compreendeu o mendigo − ao recordar-se da prece que pouco antes fizera − que aquela transformação milagrosa era obra de Allah, o Onipotente: as moedas dadas pelo orgulhoso Sheik não passavam de folhas secas e inúteis que o vento arrasta, espedaça e reduz a pó.

E o mendicante tomado de profunda tristeza começou a lamentar a sua triste sorte.

Um humilde tecelão que passava compadeceu-se da situação do infeliz pedinte e deu-lhe um punhado de tâmaras, pois não trazia de seu nem mesmo um simples dinar de cobre. 

Realizou-se, porém, um novo milagre: as tâmaras ofertadas pelo tecelão, mal caíram entre as mãos do mendigo, transformaram-se em pérolas e rubis.

Louvado seja Allah, Justo e Clemente! A esmola dada por ostentação é, aos olhos de Deus como folhas seca do caminho; o óbulo piedoso, esse vale mais do que todos os tesouros de um califa!

(Malba Tahan)

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