terça-feira, 6 de maio de 2014

Histórias Equivocadas da Vida Real - 4



Þ O bispo de Botucatu encomendou pinturas religiosas a Cândido Portinari. Na entrega das obras, o bispo começou a fazer observações, criticando isso e aquilo. Portinari logo o interrompeu:
- O senhor, na sua profissão, é bispo. Eu, na minha, sou papa.

Þ Conta a jornalista Viginie Leite que Gilberto Chateaubriand comprou um quadro de Di Cavalcanti ainda fresco e o deixou secando no ateliê do pintor. Quando foi buscar no dia seguinte, Di o tinha vendido. Chateaubriand escolheu então outro, Mulheres de pescadores, que recebia as últimas pinceladas. Mas, desta vez, precaveu-se:
- Esse vai secar lá em casa.

Þ Oscar Wilde, já moribundo num quarto pobre em Paris, olhou para o papel de parede:
- Um de nós terá de sair.

Þ Os nazistas estão diante do quadro Guernica, no apartamento de Picasso, em Paris.
- Foi você que fez isso? – perguntam.
Picasso:
- Não, foram vocês.

Þ Tempos depois de receber o Oscar pela participação no filme O silêncio dos inocentes, Anthony Hopkins ainda curtia o sucesso (e o susto) de seu personagem canibal, o psiquiatra Hannibal.
- Posso apertar sua mão? – pedia uma fã.
- Você quer tê-la de volta? – perguntava Hopkins.

Þ Eram tempos de censura e um dia o general Meira Mattos encontrou o cronista Rubem Braga:
- Por que o senhor não escreve mais?
Rubem:
- O senhor gostaria de ser corrigido por um sargento? Pois eu também sou um general das letras.

Þ Em Londres, a encenação de Aída, de Verdi, estava um fiasco. Para completar, um camelo fez cocô em pleno palco. Sir Thomas Beecham, que dirigia a orquestra, comentou depois:
- O gesto é vulgar, mas que crítico de ópera!

Þ A poeta americana Elizabeth Bishop, que viveu no Brasil nos anos 50, saiu nos jornais brasileiros após ganhar o Prêmio Pulitzer. Na feira, o dono de uma banca a reconheceu:
- Não foi a senhor que apareceu nos jornal ganhando um prêmio?
Bishop disse que sim e o vendedor:
- Eu dou muita sorte às minhas freguesas. Outro dia uma delas ganhou uma enceradeira numa rifa.

Þ Conta-se que Agrippino Grieco, crítico literário temido pela língua afiada no Rio de Janeiro dos anos 40 e 50, cortava o cabelo num salão do Meyer, onde morava, quando foi instado pelo barbeiro, que o atendia há anos, a fazer o prefácio de livro que ele escrevera.
O prefácio não posso, argumentou o crítico; teria que ler o livro todo, o que é impossível para mim, que já tenho em casa, à espera de leitura, originais de autores de todo o país. Então, tornou o barbeiro, o Senhor poderia fazer ao menos o título. O título, pode ser, disse Agrippino Grieco. E perguntou:
- Seu livro fala em trombones?
- Não.
- E em trombetas? Volveu Agripino.
- Também não.
- Então – concluiu o crítico, aliviado -, aí está o título: “Sem trombones e sem trombetas.”


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