Þ O bispo de Botucatu
encomendou pinturas religiosas a Cândido Portinari. Na entrega das
obras, o bispo começou a fazer observações, criticando isso e aquilo. Portinari
logo o interrompeu:
- O senhor, na sua profissão, é bispo. Eu, na minha, sou
papa.
Þ Conta a jornalista
Viginie Leite que Gilberto Chateaubriand comprou um quadro de Di
Cavalcanti ainda fresco e o deixou secando no ateliê do pintor. Quando foi
buscar no dia seguinte, Di o tinha vendido. Chateaubriand escolheu então outro,
Mulheres de pescadores, que recebia as últimas pinceladas. Mas, desta
vez, precaveu-se:
- Esse vai secar lá em casa.
Þ Oscar Wilde, já
moribundo num quarto pobre em Paris, olhou para o papel de parede:
- Um de nós terá de sair.
Þ Os nazistas estão diante
do quadro Guernica, no apartamento de Picasso, em Paris.
- Foi você que fez isso? – perguntam.
Picasso:
- Não, foram vocês.
Þ Tempos depois de receber
o Oscar pela participação no filme O silêncio dos inocentes, Anthony
Hopkins ainda curtia o sucesso (e o susto) de seu personagem canibal, o
psiquiatra Hannibal.
- Posso apertar sua mão? – pedia uma fã.
- Você quer tê-la de volta? – perguntava Hopkins.
Þ Eram tempos de censura e
um dia o general Meira Mattos encontrou o cronista Rubem Braga:
- Por que o senhor não escreve mais?
Rubem:
- O senhor gostaria de ser corrigido por um sargento?
Pois eu também sou um general das letras.
Þ Em Londres, a encenação
de Aída, de Verdi, estava um fiasco. Para completar, um camelo
fez cocô em pleno palco. Sir Thomas Beecham, que dirigia a orquestra,
comentou depois:
- O gesto é vulgar, mas que crítico de ópera!
Þ A poeta americana Elizabeth
Bishop, que viveu no Brasil nos anos 50, saiu nos jornais brasileiros após
ganhar o Prêmio Pulitzer. Na feira, o dono de uma banca a reconheceu:
- Não foi a senhor que apareceu nos jornal ganhando um
prêmio?
Bishop disse que sim e o vendedor:
- Eu dou muita sorte às minhas freguesas. Outro dia uma
delas ganhou uma enceradeira numa rifa.
Þ Conta-se
que Agrippino Grieco, crítico
literário temido pela língua afiada no Rio de Janeiro dos anos 40 e 50, cortava
o cabelo num salão do Meyer, onde morava, quando foi instado pelo barbeiro, que
o atendia há anos, a fazer o prefácio de livro que ele escrevera.
O prefácio não posso, argumentou o
crítico; teria que ler o livro todo, o que é impossível para mim, que já tenho
em casa, à espera de leitura, originais de autores de todo o país. Então,
tornou o barbeiro, o Senhor poderia fazer ao menos o título. O título, pode
ser, disse Agrippino Grieco. E perguntou:
- Seu
livro fala em trombones?
- Não.
- E em trombetas? Volveu Agripino.
- Também não.
- Então – concluiu o crítico, aliviado -, aí está o
título: “Sem trombones e sem trombetas.”
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