Numa
noite tempestuosa, há muitos anos, um senhor idoso e sua esposa entraram no
saguão de um pequeno hotel em Filadélfia. O homem levou a esposa até uma
poltrona, e depois se dirigiu à recepção.
‒
Todos os grandes hotéis da cidade estão cheios. Por favor, vocês teriam um
lugar para nós?
O
funcionário explicou que, como se realizavam três convenções na cidade, não
havia nenhum quarto disponível em nenhum lugar.
Todos
os nossos quartos também estão cheios ‒ disse ele. Todavia, não posso deixar um
casal simpático como vocês sair na chuva a uma da manhã. Estariam dispostos a
dormir no meu quarto?
O
homem replicou que não gostaria de privá-lo de seu quarto, mas o recepcionista
insistiu:
‒
Não se preocupe eu me arranjo.
Na
manhã seguinte, ao pagar a conta, o velho disse ao rapaz:
‒
Você é o tipo de pessoa que deveria gerenciar o melhor hotel do país. Talvez um
dia eu construa um para você.
O
rapaz olhou para o casal, e sorriu. Os três acabaram rindo e muito. A seguir,
ele os ajudou a levar as malas até a rua. Dois anos se passaram e o
recepcionista já se esquecera do incidente, quando recebeu uma carta daquele
senhor. Nela ele relembrava a noite de tempestade, e incluía uma passagem de
ida e volta a Nova Iorque.
Quando
o moço chegou a Nova Iorque, o homem levou-o à esquina da Quinta Avenida com a
rua Trinta e Quatro, e apontou para um enorme prédio, um verdadeiro palácio de
pedras avermelhadas com torres e vigias, como um castelo de fadas elevando-se
até o céu.
O velho Waldorf Astoria Hotel
‒
Esse ‒ disse o homem ‒ é o hotel que acabei de construir para você tomar conta.
‒
O senhor deve estar brincando ‒ falou o jovem, sem saber se devia ou não
acreditar nas palavras do outro.
‒
Não estou brincando não ‒ respondeu o outro com um sorriso travesso.
‒
Afinal de contas, quem é o senhor?
‒
Meu nome é William Waldorf Astor. Estamos dando ao hotel o nome de Waldorf
Astoria, e você vai ser seu primeiro gerente.
William Waldorf Astor and Nancy Astor
O
nome do rapaz era George Charles Boldt, e essa é a história de como ele saiu de
um pequeno e medíocre hotel em Filadélfia, para tornar-se gerente do que era então
o hotel mais fino do mundo.
George Charles Boldt
– 1851 – 1916
O
recepcionista – que certamente recebia apenas um modesto ordenado – decidiu
ajudar um estranho por perceber a sua real necessidade. Mal sabia ele que
estava cedendo seu quarto ao homem mais rico dos Estados Unidos.
Ele
poderia muito bem ser apenas mais um homem de negócios, à procura de um quarto
naquela noite tempestuosa e fria. Por outro lado, aquela semente de amizade,
uma vez plantada, germinou para o recepcionista na forma de um cargo muito
superior e de maior prosperidade financeira.
Aqueles
a quem ajudamos, sejam pobres, ricos, de classe média, negros, brancos,
amarelos ou pardos, muitas vezes apenas esperam de nós um apoio, uma palavra,
um gesto de amizade. Se o fizermos com o intuito de obter lucro, já teremos
recebido a nossa recompensa, e tudo termina aí. Mas, se nos mostrarmos
generosamente solícitos, e compadecidos daqueles que nos rodeiam, seremos
abençoados para sempre.
Que linda esta história! E a cada dia se torna mais oportuna.
ResponderExcluirGrazie.
Obrigado pelo comentário, Eunice.
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