Composta por Ary Barroso e J. Carlos
(José Carlos de Brito e Cunha), para a revista musical intitulada É do balacobaco, Lamartine Babo não gostou da letra e
sem pedir licença ao autor apresentou aquela mesma melodia com o título “No
Rancho Fundo” pelas ondas da Rádio Educadora Paulista TRA-E, com uma nova letra
de sua própria autoria, interpretada pelo Bando de Tangarás, destacando os
nomes de Noel Rosa, Braguinha e Almirante entre outros componentes. Assim
nasceu a parceria entre Ary Barroso e Lamartine Babo. J. Carlos (autor da letra
original) não aceitou o fato, exigindo explicações. Essa desavença durou anos,
mas o sucesso de No Rancho Fundo é inquestionável, sendo executada até os
nossos dias, pelos mais diferentes intérpretes e gêneros.
Conta-se que Lamartine Babo escutou "Na Grota Funda", melodia de Ary Barroso com letra de J.Carlos, numa revista musical. Não gostou da letra, e sem mesmo pedir licença ao autor, apresentou a composição de Ary pela Radio Educadora com sua própria letra, interpretada pelo Bando de Tangará, assim inaugurando sua parceria em "O Rancho Fundo". J.Carlos não aceitou o fato, pediu explicações, e a desavença com Ary Barroso foi longa.
Ary Barroso escrevera a peça musical
chamada “É do Balaco-Baco”, onde incluía o poema do caricaturista J. Carlos,
chamado “Na Grota Funda”, que musicara. Eis a poesia:
Na grota funda
Na grota funda,
Na virada da montanha,
Só se conta uma façanha
Do mulato da Raimunda.
Na virada da montanha,
Só se conta uma façanha
Do mulato da Raimunda.
Matou a nega
Cum pedaço de canela
E depois, sem mais aquela,
Foi juntá com uma galega.
Ela morreu
Na virada da montanha,
Vai havê outra façanha
Esse mulato vai sê meu
Esse mulato
Vai fazendo o que ele qué,
Já matou duas muié,
Porque bamba ele é de fato.
Se năo morreu,
Vai mangá esse cachorro,
Na virada, ali do morro,
Esse mulato vai sê meu
Lamartine assistiu à revista e vidrou na melodia. Foi para casa, modificou a letra e nasceu o belíssimo No Rancho Fundo.
A primeira gravação de “No Rancho
Fundo” é de Elisa Coelho. Ary Barroso, que era seu grande admirador, não apenas
a escolheu para realizar a primeira gravação de "No rancho fundo",
como também a acompanhou ao piano, com Rogério Guimarães ao violão, numa rara
gravação onde é cantado integralmente o belo poema criado por Lamartine Babo.
No rancho fundo
Ari Barroso e
Lamartine Babo
No rancho fundo
Bem pra lá do fim do mundo
Onde a dor e a saudade
Contam coisas da cidade...
No rancho fundo
De olhar triste e profundo
Um moreno canta as mágoas
Tendo os olhos rasos d'água...
Pobre moreno
Que de noite no sereno
Espera a lua no terreiro
Tendo um cigarro por companheiro...
Bem pra lá do fim do mundo
Onde a dor e a saudade
Contam coisas da cidade...
No rancho fundo
De olhar triste e profundo
Um moreno canta as mágoas
Tendo os olhos rasos d'água...
Pobre moreno
Que de noite no sereno
Espera a lua no terreiro
Tendo um cigarro por companheiro...
Sem um aceno
Ele pega na viola
E a lua por esmola
Vem pro quintal desse moreno...
No rancho fundo
Bem pra lá do fim do mundo
Nunca mais houve alegria
Nem de noite, nem de dia...
Os arvoredos
Já não contam mais segredos
E a última palmeira
Já morreu na cordilheira...
Os passarinhos
Internaram-se nos ninhos
De tão triste esta tristeza
Enche de trevas a natureza...
Tudo por quê?
Só por causa do moreno
Que era grande, hoje é pequeno
Pra uma casa de sapê...
Se Deus soubesse
Da tristeza lá serra
Mandaria lá pra cima
Todo o amor que há na terra...
Porque o moreno
Vive louco de saudade
Só por causa do veneno
Das mulheres da cidade...
Ele que era
O cantor da primavera
E que fez do rancho fundo
O céu melhor ue tem no mundo...
Se uma flor desabrocha
E o sol queima
A montanha vai gelando
Lembra o cheiro da morena...
Ele pega na viola
E a lua por esmola
Vem pro quintal desse moreno...
No rancho fundo
Bem pra lá do fim do mundo
Nunca mais houve alegria
Nem de noite, nem de dia...
Os arvoredos
Já não contam mais segredos
E a última palmeira
Já morreu na cordilheira...
Os passarinhos
Internaram-se nos ninhos
De tão triste esta tristeza
Enche de trevas a natureza...
Tudo por quê?
Só por causa do moreno
Que era grande, hoje é pequeno
Pra uma casa de sapê...
Se Deus soubesse
Da tristeza lá serra
Mandaria lá pra cima
Todo o amor que há na terra...
Porque o moreno
Vive louco de saudade
Só por causa do veneno
Das mulheres da cidade...
Ele que era
O cantor da primavera
E que fez do rancho fundo
O céu melhor ue tem no mundo...
Se uma flor desabrocha
E o sol queima
A montanha vai gelando
Lembra o cheiro da morena...
Nenhum comentário:
Postar um comentário