Um grande comício realizava-se na
praça Montevidéu, defronte à prefeitura de Porto Alegre. No início, o
entusiasmo era enorme; porém, na medida em que os oradores iam se sucedendo, o
público começou a demonstrar sinais de cansaço. Aparentemente, nada mais
motivava os presentes. Um dos oradores preliminares, em voz comovida, resolveu
queimar o último cartucho:
‒ ... porque
somos todos filhos de Getúlio Vargas!
Ouviu-se,
então, a voz clara de um gozador:
‒ Ih,
pronto, já nos chamou de filhos da puta...
(Anedotário da Rua da
Praia 1, Renato Maciel de Sá Junior)
Janela sobre as paredes
Escrito em um muro de Montevidéu: As virgens têm muitos
Natais, mas nenhuma Noite Boa.
Também em
Buenos Aires : Ressuscitaremos, ainda que isso nos custe a
vida!
Em Quito: Quando tínhamos todas as respostas, mudaram as
perguntas.
No México: Salário mínimo para o presidente, para ver o que
ele sente.
Em Lima: Não queremos sobreviver. Queremos viver.
Em Havana: Tudo é dançável.
No Rio de Janeiro: Quem tem medo de viver não nasce.
(As palavras andantes
- Eduardo Galeano)
Camões
Causídico de fama no princípio do
século, Pereira da Cunha notabilizou-se pela palavra apaixonada e eloquente.
Quando Júlio de Castilhos morreu,em Porto Alegre , em 24 de outubro de 1903, vários
discursaram na hora do enterro. No momento em que o caixão descia à sepultura,
Pereira da Cunha destacou-se do grupo e exclamou:
Quando Júlio de Castilhos morreu,
‒ Se houvesse um processo de
cristalização da lágrima, o teu ataúde, Júlio, por certo não seria de madeira,
nem o teu túmulo de granito!
(Do Anedotário da Rua
da Praia 1, Renato Maciel de Sá Junior)
O candidato retardado
Palanque armado no bairro Pereiros. O
comerciante “Chico do Peixe” chega com considerável atraso, ávido por discursar
na condição de candidato a vereador em 1996, no município de Mossoró.
Favorecido pela escassez de oradores no comício do candidato governista,
engenheiro Valtércio Silveira, apoiado pelo prefeito Dix-huit Rosado, Chico é
alertado de que também terá direito a discursar. Ufa! Ele já pensava que não
teria vez. Abrindo a oratória, Chico do Peixe tenta justificar sua ausência até
então, mas mistura semântica com psiquiatria:
‒ Olha, meus
amigos, eu estou chegando “retardado”...
(Só rindo 2: A
política do bom humor do palanque aos bastidores,
de Carlos Santos)
de Carlos Santos)
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