resgatado por amigos da Cracolândia de SP
Um homem natural da cidade do Rio de
Janeiro encontrado na Cracolândia da região central de São Paulo morreu na
noite desta quarta-feira, (7.6.2017), em uma clínica de recuperação para
dependentes químicos. Carlos Eduardo Albuquerque de Maranhão, o Cadu ou Sarda,
de 46 anos, tinha o tratamento custeado por amigos de infância, que o
reconheceram em um vídeo publicado na internet pela página Jornalistas Livres.
A informação da morte foi publicada no
Facebook pelo executivo Carlos H. Moreira Jr., amigo que iniciou a campanha
para ajudar Cadu. O movimento reuniu antigos colegas do Colégio Santo Inácio,
na zona sul do Rio de Janeiro, que estudaram com Cadu.
O grupo lançou uma campanha de
crowdfunding para financiar o tratamento.
“Nosso Sarda faleceu há poucas horas
durante o período mais crítico de abstinência pela qual passava. Estou vazio,
com as emoções bloqueadas e preso dentro de um avião com Wi-Fi. Tristeza
profunda”, publicou Moreira Jr. “Entreguei a noticia à família com um enorme
peso nas costas. Eu sou parte de um grupo de pessoas que agiram de forma
coordenada e movidas por um só sentimento, que é o amor.”
(Revista Isto É)
Já pensou quantos “Sardas estão esperando por nossa
ajuda?”
Após ser resgatado e levado para uma
clínica de reabilitação, Sarda faleceu por problemas cardíacos. Os amigos que o
resgataram, deixaram uma carta linda em homenagem ao Sarda.
Sarda, aluno do
Colégio Santo Inácio, no Rio de Janeiro.
Texto dos amigos do Sarda lido na TV:
“Ao Sarda e
a todos os envolvidos:
Ironia do destino que a mais bela
lição de vida desses últimos tempos, tenha vindo de alguém que por décadas
habitou algum dos lugares mais hostis do nosso país. O mundo parece estar
carente de histórias de amor, de repente, o que deveria ser um ato comum de
ajuda ao amigo, assume uma dimensão que nos faz refletir sobre o que é normal. O
que o Sarda causou em todos, revela um grave problema social que vivemos, mas
também revela um problema ainda maior de valores, pelo jeito, o altruísmo anda
esquecido.
Queríamos o Sarda agora entre nós, não
para aliviar qualquer sentimento de culpa de não termos descoberto a história
dos últimos 30 anos da vida dele antes, mas pelo valor absoluto que ele traz a
vida de qualquer um. O que ouvimos dele nas ultimas 24 horas antes dele ser
internado, não ouviríamos de mais ninguém no mundo. Memórias da infância, uma
retórica inteligente e única sobre a diferença ente viciado e o adicto, entre o
falar sozinho e falar a sós, sobre políticas públicas. Ele faz e sempre nos
fará falta.
O nosso amigo nos deixa e deixa uma
mensagem do luxo humano que está dentro de cada um de nós. Incluindo aqueles
que não lerão e nem ouvirão essa mensagem, por estarem agora em alguma rua
usando drogas, com a mente em um espírito num paralelo, enquanto cada um de nós
se prepara para dormir no conforto das nossas camas, embaixo de um teto. Como
disse o Sarda, nós adictos, somos invisíveis, inaudíveis, mas não somos
inodoros, de uma forma ou de outra, no inicio de tudo, bem lá no inicio de
tudo, somos todos humanos.
Que cada pessoa tocada por essa lição
de vida, reflita cada dia ao acordar, sobre o mundo no qual quer viver e quer
deixar para os seus filhos. Um mundo egoísta, onde o mérito está na esperteza,
e na ignorância ao próximo, ou um mundo solidário, onde o interesse individual
é parte de interesse coletivo e virtuoso.
Somos todos da mesma turma, amigos do
Sarda”
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