10 profissões que estão prestes a existir
Texto de Ana Carolina
Leonardi, Bruno Garattoni Felipe Germano
Um estudo da Universidade de
Oxford revelou: nas próximas duas décadas, os robôs poderão assumir 57% de
todos os empregos. Mas nem tudo está perdido. A invasão das máquinas também
abrirá espaço para novos tipos de trabalho. Veja aqui os dez mais surreais.
10. Psicólogo de
robôs
→ Em 1956, um grupo de cientistas
da Universidade Dartmouth, nos EUA, criou o conceito de inteligência artificial.
Eles achavam que em dois meses conseguiriam esboçar uma máquina capaz de pensar
como um humano. Nem chegaram perto. Mas, depois de várias décadas patinando, as
pesquisas na área deslancharam nos últimos anos. Tudo graças ao conceito de
“machine learning” (aprendizado de máquinas), que consiste em deixar os robôs
aprenderem as tarefas sozinhos, por tentativa e erro. Depois de muitas
tentativas – literalmente milhões ‒, eles acabaram conseguindo. A tática tem
funcionado – e detonou uma revolução no campo da inteligência artificial.
Só tem um problema. Conforme os robôs vão
aprendendo, e reescrevendo sozinhos o próprio software, sua lógica vai se
tornando cada vez mais complexa e impenetrável – até para o próprio
programador, que antes comandava os algoritmos. No futuro, teremos máquinas
hiperinteligentes – e vamos precisar de alguém que seja capaz de entendê-las,
refletir sobre a “motivação” delas e seus processos de tomadas de decisão. Trata-se
de um especialista preparado para intervir, corrigir e redirecionar o
aprendizado das máquinas – um sujeito que é tão engenheiro quanto psicólogo.
Ou, como escreveu Isaac Asimov, um “robopsicólogo”. Ele nos ajudará a desenvolver
(e a domar) as máquinas do futuro – e, de quebra, nos ensinará muito sobre
nossa própria consciência.
9. Diretor de filmes
de realidade virtual
→ A realidade virtual finalmente
está se tornando uma mídia de massa. A Sony já vendeu quase 1 milhão de unidades
do PlayStation VR, seu capacete de realidade virtual lançado no final do ano
passado. A Lucasfilm está produzindo seu primeiro filme em RV (um episódio de Star Wars, tendo o vilão Darth Vader
como protagonista). E o Festival de Cinema de Veneza criou prêmios específicos
para as melhores obras nesse formato. A realidade virtual tem tudo dominar o
entretenimento – e vai precisar de criadores de conteúdo. O diretor de RV é o
mesmo tempo artista e engenheiro, com visão artística e domínio de novas tecnologias
‒ que usa para contar histórias de um jeito totalmente novo.
8. Consultor genético
→ Em fevereiro, o governo
americano publicou um documentário histórico: afirma, pela primeira vez, que é
eticamente aceitável editar o DNA de embriões humanos. No futuro, isso será
inevitável – e a sociedade precisará de um novo tipo de profissional. Alguém
que una habilidades do geneticista à sensibilidade de psicólogo para orientar
as pessoas sobre quais alterações eles deverão, ou não, realizar nos filhos e
em si próprias. É uma questão de responsabilidade social, pois as alterações
que fizermos passarão para as gerações seguintes. Ou seja, desenharão o futuro
da humanidade.
7. Gestor de energia
limpa
→ Imagine colocar painéis solares
no teto da sua casa e, além de gerar sua própria energia, poder vender o que
sobrar. Isso já é realidade (até no Brasil). Por aqui, desde 2012 a lei permite que você
troque seu excedente por créditos nas próximas contas. O movimento é tímido,
mas tende a crescer. A Agência Nacional Elétrica estima que até 2024 teremos
1,2 milhões de consumidores produzindo – e lucrando com – sua própria luz.
Apesar disso, ainda estamos um pouco atrás de outros países.
6. Piloto civil de
drone
→ No passado, o mercado de drones
triplicou: só nos Estados Unidos foram vendidos 2,5 milhões deles. Até 2020,
esse número deve triplicar de novo, e chegar a 7 milhões de drones fabricados
por ano. Isso porque eles deixarão de ser apenas brinquedos (ou instrumentos
militares) e invadirão outras áreas, como a agricultura (haverá drones
cuidando das plantações), o comércio (será comum ver drones entregadores de
encomendas) e até os esportes – as corridas profissionais de drones deverão se
tornar um esporte popular. Em 2016, foi realizado o World Drone Prix, o
primeiro evento internacional, e ele já começou grande: ofereceu US$ 1 milhão
em prêmios aos pilotos. As corridas aconteceram em Dubai – e o grande vencedor
foi o inglês Luke Bannister, de apenas 15 anos.
5. Planejador de velhice
→ As pessoas estão vivendo cada
vez mais, e a ciência já desenvolve técnicas para que cheguemos aos 120 anos. Com
o aumento da longevidade, seremos aposentados por bem mais tempo – logo, todo mundo vai precisar de um planejador de
velhice. Será um especialista que ajuda as pessoas a formarem patrimônio
durante a vida e, quando elas chegam à terceira idade, administra seu dinheiro
(que tende a ser mais curto) e o seu tempo (que será abundante), programando
atividades para preencher os dias da pessoa e mantê-la feliz. Esse equilíbrio,
que hoje os próprios idosos tentam manter sozinhos, terá muito a melhorar com a
ajuda de um gestor profissional. Afinal, a velhice não é para amadores ‒ e
quando ela durar 50 ou 60 anos, menos ainda.
4. Designer de lixo
→ A humanidade produz 1,3 bilhão
de toneladas de lixo por ano. Até 2025, a quantidade vai subir 70%. A única saída
é reciclar cada vez mais – e esse será o trabalho do designer de lixo. Ele irá
desenhar os processos produtivos desde o início para que gerem o mínimo de
resíduos, e também será especialista em upcycling:
encontram, e dar novos usos para as coisas que estão sendo jogadas fora (sem
precisar destruí-las para extrair suas matérias-primas).
3. Nostalgista
→ Nem todo mundo vai acompanhar a
velocidade das mudanças. Se a sua avó ainda engatinha nas redes sociais,
imagine como será para você no futuro, quando a internet das coisas estiver por
toda parte e, sei lá, começar a era dos implantes neurais, conectando o cérebro
diretamente à rede. Talvez você fique perdido ou rejeite esse mundo novo. E é
aí que entra o nostalgista: um profissional que recria experiências do passado.
Ele pode projetar condomínios para aposentados, por exemplo. Atento aos
detalhes, reconstruirá a vida do começo do século 21, com os mesmos gadgets e
hábitos que hoje achamos modernos – mas que no futuro, serão coisas tão
arcaicas quanto cartolas, gramofones e carruagens.
2. Fazendeiro urbano
→ Em 2040, a Terra terá 9
bilhões de pessoas (1,5 bilhão a mais do que hoje). Será preciso encontrar
algum jeito de produzir mais comida – e, para não causar uma catástrofe
ambiental, fazer isso sem aumentar demais as áreas dedicadas à agricultura e à
pecuária (que hoje já ocupam 38,4% de toda a superfície do planeta, segundo
dados da FAO).
Uma solução pode ser a agricultura
vertical: em que os vegetais são cultivados em edifícios especialmente
construídos para isso. A empresa sueca Plantagon quer construir uma estufa
tecnológica de 12 andares, que reuniria dezenas de plantações numa área
semelhante a de um prédio comum. Nos EUA, a ideia é plantar em balsas
flutuantes, que ficariam em espaço desocupados nos rios. Em ambos os casos, as
vantagens são as mesmas: produzir muito mais verduras usando menos espaço, e em
áreas próximas (ou dentro) das cidades, onde elas serão consumidas, reduzindo
drasticamente a poluição gerada pelo transporte. Tudo isso seria coordenado por
fazendeiros urbanos. Eles projetariam as lavouras verticais (ou flutuantes) e
supervisionariam o trabalho dos robôs responsáveis pelo plantio e pela
colheita. A agricultura urbana é tão ousada que chega parecer futurista demais,
mas tem altas chances de se tornar real. Por um motivo simples: se não a
abraçarmos, boa parte da população não irá sobreviver.
1. Feng
Shui de dados
→ Em 2020, o mundo terá produzido
inacreditáveis 40 trilhões de gigabytes de dados – ou 5.200 GB para cada
habitante, segundo a empresa de armazenamento EMC. É tanta coisa que cada
pessoa vaia acabar precisando de um servidor inteirinho para si mesma, e um
especialista para ajudar a organizar tudo. Esse profissional vai cuidar de
todos os aspectos da sua vida digital, organizando o conteúdo das suas redes
sociais, do celular, do computador num conjunto harmonioso e agradável: um feng shui dos dados.
(Da revista Super
Interessante – maio de 2017)
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