domingo, 5 de maio de 2024

Alguém sabe me explicar

 O que significa “No frigir dos ovos”?

Não é à toa que os estrangeiros acham nossa língua muito difícil, e como a língua portuguesa é rica em expressões! 

Veja o quanto o vocabulário “alimentar” está presente nas nossas metáforas do dia a dia. Aí vai! 

Pergunta: 

– Alguém sabe me explicar, num português claro e direto, sem figuras de linguagem, o que quer dizer a expressão “no frigir dos ovos”? 

Resposta: 

– Quando comecei, pensava que escrever sobre comida seria sopa no mel, mamão com açúcar. 

Só que, depois de um certo tempo, dá crepe, você percebe que comeu gato por lebre e acaba ficando com uma batata quente nas mãos. 

Como rapadura é doce, mas não é mole, nem sempre você tem ideias claras. 

Para descascar esse abacaxi, só metendo a mão na massa. E não adianta chorar as pitangas ou, simplesmente, mandar tudo às favas. 

Já que é pelo estômago que se conquista o leitor, o negócio é ir comendo o mingau pelas beiradas, cozinhando em banho-maria, porque é de grão em grão que a galinha enche o papo. Ou, então, a galinha enche e eu papo. 

Contudo, é preciso tomar cuidado para não azedar, passar do ponto, encher linguiça demais. 

Além disso, deve-se ter consciência de que é necessário comer o pão que o diabo amassou, para poder vender o seu peixe. 

Afinal, não se faz uma boa omelete sem antes quebrar os ovos. 

Há quem pense que escrever é como tirar doce da boca de criança e aí, vai com muita sede ao pote. 

Mas, como o apressado come cru, essa gente acaba falando muita abobrinha. São escritores de meia tigela, trocam alhos por bugalhos e confundem Carolina de Sá Leitão com caçarolinha de assar leitão. 

Há, também, aqueles que são arroz de festa que, com a faca e o queijo nas mãos, se perdem em devaneios (piram na batatinha, viajam na maionese… etc.). 

Achando que beleza não põe mesa, pisam no tomate, enfiam o pé na jaca e, no fim, quem paga o pato é o leitor, que sai com cara de quem comeu e não gostou. 

O importante é não cuspir no prato em que se comeu, pois quem lê e entende não é tudo farinha do mesmo saco. 

Diversificar é a melhor receita para engrossar o caldo e oferecer um texto de se comer com os olhos, literalmente. 

Por outro lado, se você tiver os olhos maiores que a barriga, o negócio desanda e vira a um verdadeiro angu de caroço. 

Aí, não adianta chorar sobre o leite derramado, porque ninguém vai colocar uma azeitona na sua empadinha não! 

O pepino é só seu e, o máximo que você vai ganhar, é uma banana. Afinal, pimenta nos olhos do outros é sempre refresco. 

E, além, do mais, a carne é fraca, eu sei. 

Às vezes, dá vontade de largar tudo e ir plantar batatas! 

Mas, quem não arrisca não petisca e depois, quando se junta a fome com a vontade de comer, as coisas mudam da água pro vinho. 

Embananar-se de vez em quando é normal, o importante é não desistir, mesmo quando o caldo entornar. 

Puxe a brasa pra sua sardinha, que, no frigir dos ovos, a conversa chega à cozinha e fica de se comer rezando. 

Daí, com água na boca, é só saborear, porque o que não mata, engorda. 

Entendeu o que significa “no frigir dos ovos”? 

(Autor desconhecido)

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