E os professores de língua portuguesa, uns observando, outros espiando pela janela da sala de professores. Em pequenos grupos e isoladamente. Perplexos alguns. Outros tecendo considerandos:
Professor 01 ‒ A culpa é da Linguística. A Linguística subverte a ordem. Prega a anarquia. É um modismo. Não se corrige mais ninguém. É contra a gramática. O resultado está aí...
Professor 02 ‒ Não querem que a gente ensine gramática. A gente vai ensinar o quê?
Professor 03 ‒ Também... com um salário desses! Trabalho de acordo com o que me pagam. O resultado está aí...
Professor 04 ‒ No meu tempo...
Professor 05 ‒ Eu ensino, ensino, ensino e eles não aprendem. Que culpa eu tenho?
Professor 06 ‒ Eles vêm da 5ͣ série fracos...
Professor 07 ‒ Eles vêm da 6ͣ série fracos...
Professor 08 ‒ E como vai ficar essa gente toda na hora de um vestibular, na hora de um concurso público?
Professor 09 ‒ Eu também não gosto do que eu ensino. Eu preferiria dar aos alunos só textos. Mas aqui na escola tem que cumprir o programa.
Professor 10 (Com uma ponta de ironia, dizendo, como se dizia antigamente com seus botões):
‒ É sempre o eterno repetitório...
(Do livro “Educação para crescer”)
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