domingo, 26 de maio de 2024

O gol que ninguém viu*

 O gol de placa de Pelé

‒ No dia 5 de março de 1961, mais de cem mil pessoas lotavam o estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro. Era o torneio Rio-São Paulo e o Fluminense jogava contra o Santos. Imaginem o espetáculo... 

(...) 

‒ O Santos estava vencendo por 1 a 0, quando aos 41 minutos do primeiro tempo, começou bate-rebate dentro da área santista... e a bola sobra para o Pelé pelo lado direito próxima  à meia-lua da grande área, quase na intermediária do seu campo defensivo. 

(...) 

‒ Sob o olhar atento da multidão, Pelé domina a bola, entre a meia-lua e a intermediária. Na sua postura tradicional, costas e joelhos curvados, ele ergue a cabeça e arranca para o ataque! Em lance inédito, ora ele toca a bola na frente, utilizando-se de sua velocidade, ora dribla um... dois... três... quatro... cinco... seis adversários, em diferentes lugares do gramado! 

‒ Tem gente que afirma que certos jogadores do time carioca foram driblados mais de uma vez! 

‒ E aí, meus jovens, diante de olhares incrédulos, tanto da plateia quanto dos jogadores de ambos os times, Pelé fica na frente do goleiro Castilho, que nada pode fazer quando a bola é tocada no canto direito, a não ser ir buscá-la, perplexo, no fundo da rede! 

‒ As mais de cem mil pessoas, a maioria, claro, torcedores do Fluminense, fizeram alguns segundos de silêncio, após a conclusão da jogada. Depois, aconteceu uma ovação nunca vista. Comovido, Pelé levantou os braços e agradeceu ao público. 

(...) Naquele momento, o clube para o qual torciam deixou de ser relevante. Todos os presentes tinham consciência de que haviam assistido ao vivo ao mais belo gol de suas vidas, um lance que acabou imortalizado no futebol mundial como o “gol de placa”. 

*Nenhuma emissora de TV presente no estádio registrou a imagem desse gol. 

(Do livro “Gol de placa”, de Edith Modesto)

E quem foi que idealizou a placa do gol 

“Eu não sou o autor da expressão ‘gol de placa’ no futebol, eu sou o autor da placa do gol e o Pelé o autor do gol que ganhou a placa. Eu que tive a ideia, eu que fiz a placa e paguei com o dinheiro do meu bolso e a instalei. A partir daquele dia, todo o pessoal dos jornais de rádio começou a utilizar a expressão e hoje é do vocabulário comum.” 

Joelmir Beting 

O jornalista Joelmiri Beting, que na época trabalhava no jornal O Esporte, ficou tão impressionado com o gol, que mandou fazer uma placa de bronze para colocar no saguão do estádio, com os dizeres: 

“Neste estádio, Pelé marcou no dia 5 de março de 1961 o tento mais bonito da história do Maracanã.” 

O ESPORTE

São Paulo

A placa foi descerrada uma semana depois no estádio, imortalizando o lance, o Rei e sua relação com o Maracanã. Desde então, todos os gols marcados com rara beleza são intitulados “gols de placa”. 

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