de Ricardo Silvestrin
A Invenção do abraço
Há braços longos e curtos,
magros e gordos.
Há braços brancos e negros,
de velhos, de crianças.
Há braços de homens e de
mulheres.
Há braços e braços.
Até que um dia alguém deu um
passo...
diminuiu o espaço e fez do
braço um laço.
Foi um sucesso, virou moda,
e hoje até na hora do
fracasso...
se há braço, há abraço.
Quatro
remadoras
Eram quatro remadoras,
todas no mesmo barco.
Duas no lado direito,
duas no lado esquerdo.
Levavam o barco no braço,
sempre com movimento
perfeito,
giravam o remo na água
todas ao mesmo tempo.
Quem vê as quatro juntas
às vezes se pergunta:
“de onde tiram tanta força
aquelas quatro moças?”.
O barco já vai longe,
cruza a linha do horizonte.
Elas seguem sem parar,
inspiram e expiram o ar.
Quando chegam ao cais,
mesmo com todo o cansaço ‒
dessa vez foi demais!
‒ ainda resta força para o
abraço.
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Ricardo Silvestrin é autor dos livros de poesia Carta aberta ao Demônio, Sobre o que, Typographo, Metal, O menos vendido, Palavra mágica, entre outros. Na prosa, lançou Play, contos, e O videogame do rei, romance, ambos pela editora Record. Recebeu por cinco vezes o prêmio Açorianos de Literatura. É também compositor e vocalista e lançou o álbum SILVESTREAM. Mestre em Literatura pela UFRGS com a dissertação Manuel Bandeira, um poeta na fenda.
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