sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Elvis Presley

“Sim, Elvis morreu.”


Caricatura da internet

Elvis Presley:

8 de janeiro de 1935 - 16 de agosto de 1977

→ Quarenta anos após a morte de Elvis Presley, o médico brasileiro, Raul Lamim, explica como foi chegar num dia normal de residência em Memphis e encontrar o corpo do ídolo na sala de necropsia.

P.: O que o senhor fazia em Memphis na época em que Elvis Presley morreu?

R.: Fiz minha residência e tese de mestrado lá. Cheguei em 1973, com 29 anos.

P.: Como foi o dia da morte?

R.: Não sei como foi a chegada dele ao hospital. Quando apareci naquele dia, a secretária avisou que um corpo muito importante estava ali.

P.: E depois?

R.: Quando ela disse que era o corpo de Elvis Presley, não acreditei. Fomos – eu e outro médico – ao necrotério, e era mesmo Elvis. A fisionomia era de uma pessoa serena. Eu queria fugir dessa responsabilidade. Você já pensou fazer necropsia numa personalidade endeusada pelo mundo inteiro? Fiquei em choque. Era como fazer a necropsia do (John F.) Kennedy. Deus me livre!

P.: Havia fã na porta do hospital?

R.: Sim, havia muitas pessoas segurando cartazes e carros de TV. Mais tarde soube que um programa de grande audiência, uma espécie de Brasil Urgente, do Datena, nos Estados Unidos, tinha oferecido 1 milhão de dólares para ter acesso ao relatório da necropsia. Mas ninguém teve.

P.: Qual foi a causa da morte?

R.: Abrimos o corpo e examinamos órgão por órgão. Não havia lesão pulmonar, cardíaca nem hepática; não achamos um infarto nem infecção. Nada. Nem diabetes ele tinha, mesmo comendo um monte de porcaria, como sanduíche de manteiga de amendoim com banana. Elvis talvez tenha apresentado um problema respiratório, pela forma como foi encontrado: no chão do banheiro, com a face voltada para o carpete e a boca entreaberta, como se estivesse à procura de ar. Mas a necropsia não apontou uma causa específica.

P.: O senhor era fã de Elvis?

R.: Quem não era? Até hoje os fãs-clubes me convidam para conversar, mas não tenho tempo. Eu ouvia todas as músicas dele. Always on My Mind é a minha preferida. Havia programado ir ao meu primeiro show do Elvis, em Memphis, com o pessoal do hospital. Infelizmente, esse show nunca aconteceu. A vida dele era muito difícil, coitado. Ele vivia preso em uma gaiola de ouro cravejada de diamantes. Deve ter sido muito triste.

P.: Então, Elvis morreu mesmo?

R.: Sim, ele chegou morto ao hospital. Se tivesse chegado vivo, nós o teríamos matado ao abrir o corpo para a necropsia.


Caricatura da internet

(Matéria da revista Veja, agosto de 2017)


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