Stanley Hewett
Certa noite, um famoso médico inglês, que prestou serviços à casa real da Inglaterra, no século passado, atendeu um chamado de urgência. Tirado da cama, fatigado, e lá se foi ele, afrontado o frio e a neve, a visitar o doente que diziam estar passando assim tão mal.
Chegando, verificou que se tratava apenas de uma indigestão, causada por excesso de comida e bebida.
Sem dar qualquer demonstração quanto ao diagnóstico que já fizera, Stanley Hewett perguntou ao doente:
‒ Meu amigo, tem seu testamento feito?
‒ Não... ‒ respondeu, já começando a tremer, o comilão.
‒ Então, mande chamar imediatamente o seu tabelião.
‒ Mas...
‒ Tem filhos? ‒ prosseguiu o médico, ignorando a interrupção.
‒ Sim, mas vivem em Manchester.
‒ Mande telegrafar imediatamente para que venham.
A esta altura, o doente já tremia como varas verdes. Chamou um criado e deu ordens para que se fizesse vir o tabelião e os filhos do enfermo.
Assim que o criado veio dizer que as ordens estavam cumpridas, Hewett fez menção de retira-se.
‒ Mas, doutor, vai deixar-me? Não há mesmo qualquer esperança de me livrar da morte?
‒ Se há, infelizmente! O senhor não tem nada não ser muita comida e muita bebida nesse corpo!
‒ Então, por que mandou que chamassem meu tabelião e meus filhos?
‒ Para que eu não fosse o único idiota a sair de uma cama quente com uma noite destas por causa da sua estúpida indigestão!
(Do livro “Grande Anedotas da História”, de Nair Lacerda)
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