José Bonifácio de Andrade e Silva (1763-1838), o Patriarca da Independência, Martim Francisco de Andrade e Silva (1775-1844), político e parlamentar famoso. Ambos nascidos em Santos, SP.
A propósito da pobreza dos Andradas, conta Antônio Meneses Vasconcelos de Drummond o seguinte fato:
Os ministros da regência de Dom Pedro reduziram seus ordenados à metade do que eram no tempo de dom João VI. Ficaram com quatro contos e oitocentos mil-réis anuais, pagos mensalmente.
José Bonifácio, recebendo quatrocentos mil-réis em notas de banco, um mês de seu ordenado, colocou-os no fundo do chapéu, e no teatro roubaram-lhe o chapéu e o conteúdo.
O primeiro ministro do império achou-se, no dia seguinte, sem ter com que mandar comprar o jantar. Não possuía um vintém sequer, e seu sobrinho, Belchior Fernandes Vieira, foi quem pagou as despesas do dia.
Em Conselho, José Bonifácio referiu esta ocorrência e a extrema necessidade a que ela o reduzira, e à sua família. O imperador entendeu que o ministro, visto a penúria em que se achava, devia ser indenizado, pagando-se-lhe outro mês de ordenado, e, nesse sentido, deu suas ordens ao ministro da Fazenda.
Martim Francisco, pois era ele o ministro, não obedeceu. Disse ao imperador que não havia lei que pusesse a cargo do Estado os descuidados dos empregados públicos, que o ano tinha para todos doze meses, e não treze para os protegidos. Finalmente, pediu que Sua Majestade retirasse a ordem, porque era inexequível. Ele, Martim Francisco, repartiria com o irmão o seu ordenado e viveriam ambos com maior parcimônia durante aquele mês, o que seria melhor do que dar ao país o funesto exemplo de se pagar a um ministro duas vezes o ordenado de um só mês.
(Do livro “Grandes Anedotas da História”, de Nair Lacerda)
PS: Uma das principais ruas de Porto Alegre, RS, tem seu nome em homenagem aos dois irmãos, José Bonifácio e Martim Francisco, como Rua dos Andradas, mas que todos os gaúchos só a conhecem pelo antigo nome: Rua da Praia.
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