Imaginem que um gaúcho nascido e
criado lá pelas bandas da coxilha de Santa Tecla, perto de Bagé, bata com os
costados em Varjota, interior do Ceará, e para o auto em frente a um bar onde várias pessoas estão tomando umas e
outras e ele então se dirija indistintamente a grupo:
- Buenas tardes, indiada macanuda. Estou meio
entupigaitado. Venho gauderiando por essas bandas, campeando um guasca largado e
mui buenacho. Mesmo parando rodeio nas ideias, não sei onde fica a biboca do
vivente. Quem sabe se algum chiru conhece o taura. Ele vive com as canjicas de
fora, é meio petiço, rengo e melenudo meio zaino, meio hosco, está sempre na tiorga
e atende pelo nome da Gaudêncio?
Com certeza os meus amigos do Ceará
lançariam um olhar de revesgueio para
o recém-chegado, já com a mão na peixeira (carneadeira para nós) e prontos para
a briga. No entanto, o amigo do Gaudêncio só queria dizer o seguinte:
- Boa
tarde, moçada simpática. Estou meio desorientado. Venho andando por estes lados
procurando um valentão muito alegre e bom amigo. Mesmo tentando me lembrar,
não sei onde fica a casa da criatura. Quem sabe se algum homem mais velho
conhece o valente. Ele vive rindo, é meio baixo, puxa de uma perna, e tem o cabelo
muito comprido e castanho, é bem, é bem moreno, está sempre bêbado e se chama
Gaudêncio?
Esses e outros termos estão no
Dicionário Gaúcho (Termos, expressões, adágios, ditados e outras barbaridades)
de Alberto Juvenal de Oliveira.
E quem é Alberto Juvenal de Oliveira?
Cursou o primário na cidade de Cruz Alta e
aos 14 anos vai pata Passo Fundo morar com o pai, para ajudar nas despesas da
casa, changueando sem desprestigiar seus invernos!
Apresentação do autor
Aos 18 anos sentou praça na cidade do
Rio de Janeiro, no Corpo de Paraquedistas do Exército Brasileiro, dando baixa
como 2°
Tenente da reserva. Foi de escriturário de banco a diretor de instituição
financeira. Completou seus estudos no turno da noite, e hoje é dono de uma
bem-sucedida empresa de publicidade, com seus quatro filhos. Nas horas vagas,
Juvenal estuda inglês, francês, e, é
claro, por sua sensibilidade nativa, a arte musical não poderia ficar ausente, e a faz brotar através dos
botões de uma cordeona. O dicionário
chegou após quatro anos de pesquisa. Era o manancial crioulo que retornava da
sonora infância para saciar a sede das lembranças do pago.
- Quem não conhece não
encontra razões para amar!...
Teu dicionário, Juvenal, é uma
vertente que sacia a sede dos que buscam sabedoria pelos caminhos da terra!...
Colocando “sóis nas nossas sombras”.
Parabéns, “Luzeiro Terrunho!
Parabéns!
Glênio Fagundes*
*Músico, poeta, cantor e
apresentador de rádio e televisão, é um dos ícones máximos do regionalismo
rio-grandense, autor de livros e discos de sucesso.
E como diz Jaime Caetano Braun, na introdução do dicionário
* Alberto Juvenal de Oliveira, Pqdt 222, fez o Curso Básico Paraquedista no 1950/3 como 3° Sgt. Num encontro de veteranos paraquedistas, permutamos as nossas obras. (Almanaque pelo Dicionário) que estou lendo com muita atenção e carinho.
E como diz Jaime Caetano Braun, na introdução do dicionário
Se não houver campo aberto
lá em cima,
quando eu me for,
um galpão acolhedor,
de santa-fé, bem coberto,
um pingo pastando perto,
só de pensar me comovo,
eu juro, pelo meu povo,
nem todo o céu me segura,
retorno a velha planura
pra ser gaúcho de novo.
* Alberto Juvenal de Oliveira, Pqdt 222, fez o Curso Básico Paraquedista no 1950/3 como 3° Sgt. Num encontro de veteranos paraquedistas, permutamos as nossas obras. (Almanaque pelo Dicionário) que estou lendo com muita atenção e carinho.
P.S. O Juvenal tem outras histórias saborosas para contar,
mas vamos deixar assim...
E-mail para a compra do livro: Juvenal@savep.com.br
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