quarta-feira, 11 de maio de 2022

O samba de A a Z

  

A 

Afros → Iniciada com “Berimbau” em 1963, uma série de 11 músicas distanciou os autores, Baden Powell (1937-2000) e Vinicius Moraes (1913-1980), da bossa nova, o poeta da temática do candomblé e firmou o violonista como um dos mais originais compositores e instrumentistas brasileiros. 

Amaxixado → composições − Quando começaram a ser chamadas de samba, elas ainda eram maxixes. São os casos de “Pelo Telefone” (Donga/Mauro de Almeida) e das criações de Sinhô (1888-1930). Tempos depois, surgiu a expressão “samba amaxixado” para classificá-las. 

B 

Balanço → O sambalanço é feito para dançar, originalmente (década de 1950) tocado em bailes por conjuntos como o do organista Ed Lincoln (1932-2012). A partir dos anos 1960, influência recebida da música negra americana. 

Bandido → Pejorativa, uma expressão sambandido foi criada para rotular o estilo de Bezerra da Silva (1927-2005), que cantava com humor e sem lirismo o cotidiano das favelas: violência, drogas, policiais corruptos, políticos exploradores. 

Bossa nova → O ponto de partida é a gravação de “Chega de Saudade” (Tom Jobim/Vinicius de Moraes), em 10 de julho de 1958, por João Gilberto. O baiano sintetizado melodia, harmonia e ritmo numa célula voz-e-violão coesa. Sua principal matriz foi o samba (Ary Barroso, Dorival Caymmi, Geraldo Pereira e outros compositores). Tom Jobim expandiu as possibilidades melódicas e harmônicas da música brasileira. E outros nomes da bossa receberam uma influência do jazz.

Breque → No samba de breque, bem sincopado e bem-humorado, a música é interrompida para que o cantor fale algo ou conte uma anedota relacionada ao tema da letra. O maior representante foi Moreira da Silva (1902-2000), que tinha até um personagem: Kid Morengueira. 

C 

Calangueado → É o samba o calango, um gênero rural semelhante em Minas Gerais e no interior minense. O calango foi uma das matrizes do partido alto, assim como o jongo, outra manifestação de africanos escravizados e seus descendentes, esta com sentido religioso mais forte. 

Canção → O samba-canção é o samba lento, o que favorece como românticas e tristes. Ficou consagrado que “Ai, Ioiô” (Henrique Vogeler/Luiz Peixoto/Marques Porto/Cândido Costa), também conhecido como “Linda Flor” e lançado em 1928, foi o primeiro ou, pelo menos, o primeiro a fazer sucesso. O auge se deu nas décadas de 1940 e 1950. 

Carnavalesco → Samba feito para o Carnaval, mas sem ter ligação com escolas de samba. Exemplos: “Agora É Cinza”, “Ai que Saudades da Amélia”, “É com Esse que Eu Vou”. 

Choro → O samba-choro tem estrutura melódica de choro, mas, por ter letra, tem o samba acoplamento no nome. 

Também designa uma dança, mas é como, Bahia, que ela canto para chula o samba, com suas quadras improvisadas, algumas vezes provavelmente em versos da tradição popular. Vem daí a expressão samba chulado. 

D 

Duro → Os sambas duro tinham ligação com as antigas pernadas, encontros em que os batuqueiros tentam desmontar os adversários com os adversários. Depois, virou um dos codinomes do partido alto. 

E 

Enredo → O samba-enredo se desenvolveu como escolas de samba quando começou a ter músicas afinadas com o tema dos desfiles. As seguintes experiências são dos anos 193 primeiras, e o gênero se firmou na década. 

Estácio → É o samba consagrado como o modelar do país. Nasceu na década de 1920 no bairro do Estácio de Sá, na região central do Rio de Janeiro, com autores e ritmistas como Ismael Silva, Nilton Bastos e Bide. Eles foram descobertos pelo cantor Francisco Alves, que levaram como composições para as discotecas e para as rádios. O sucesso das músicas, aliado ao projeto nacional de Getúlio Vargas −-popular, tornou-se o samba ou gênero musical por excelência. 

Exaltação → O exemplo maior do samba-exaltação é “Aquarela do Brasil”, que Ary Barroso (1903-1964) compôs em 1939. Músicas semelhantes foram feitas durante a ditadura do Estado Novo (1937-1945), de Getúlio Vargas. 

F 

Fundo de quintal → Como rodas de partido costumavam acontecer em quintais, sem preocupações. O grupo Fundo de Quintal nasceu na quadra do bloco Cacique de Ramos, sob duas tamarineiras. 

Funk e soul → A fusão entre o pop americana começou nos anos 1960 com nomes como Erlon Chaves e o grupo Abolição. Na década seguinte, o samba-funk e o samba-soul ganharam mais força com Banda Black Rio, Carlos Dafé, Jorge Ben Jor, Tim Maia e outros. Ainda se encontram hoje, mas não com assiduidade.

 G 

Gafieira → É o samba tocado por orquestras populares, com instrumentos de sopro em destaque, para casais dançarem. 

H 

Histórico → Pode se dizer dos sambas-enredo que souberam de fatos da história do Brasil, sobretudo nas décadas 1940 e 1950. 

I 

Improviso → É elemento fundamental das tradições do samba, desde as do Recôncavo Baiano (chula, até as consolidadas no Rio de Janeiro, como o partido alto). Participantes de uma roda desenhados versos na hora. 

J 

Jazz → É a versão instrumental da bossa nova, com formações semelhantes ao jazz (trios, especialmente) e recursos como o uso do prato da bateria. 

Joia → Os termos samba-joia e sambão foram criados para ironizar os sambas românticos e com pouca percussão que tiveram sucesso nos anos 1970. Entre os nomes de destaque estavam Benito Paulo, Luiz Ayrão e Agepê. 

Lenço → O samba-lenço é uma das primeiras formas de samba de São Paulo. Combinava referências afro-brasileiras com as da cultura caipira, em cidades como Pirapora, Tietê e Guaratinguetá. 

Lençol → O samba-lençol procura, na letra, dar conta de todo o enredo. Silas de Oliveira (1916-1972), do Império Serrano, foi o mestre maior no ofício. 

M 

Meio de ano → É o samba que não é feito para o Carnaval. Nas escolas de samba, onde virou raridade, também era conhecido como samba de terreiro e samba de quadra. 

Morro → A contraposição entre “samba do morro” e “samba da cidade” está na origem do gênero. Noel Rosa (1910-1937) cita na letra de “Feitio de Oração”. Nos anos 1950 e 1960, o morro é exaltado como lugar de resistência cultural e social, como em “Opinião” (Zé Keti). 

N 

Negro → Embora devesse ser redundante, chamar um samba de negro é um modo de afirmar suas origens africanas. 

Novo → Qualquer formato diferente que surja é chamado de novo, com intuito comercial ou não. Um célebre foi o “Samba Esquema Novo”, título do primeiro disco de Jorge Ben (depois Ben Jor), de 1963, e que realmente renovou a música brasileira. 

O 

Onomatopaico → “Bim Bom”, “Hô-ba-lá-lá” (ambos de João Gilberto) “Samba Toff” (Orlandivo/Roberto Jorge) e “Tim Dom Dom” (João Mello/Clodoaldo Britto) são alguns dos muitos casos em que os filhos foram transcritos para letras de samba. 

P 

Pagode → Era de festa em que havia música e comida de samba. Nos anos 1980, a indústria fonográfica transformou a palavra em rótulo para classificar a geração de Zeca Pagodinho, Almir Guineto, Jorge Aragão e outros, revelados na quadra do Cacique de Ramos. No final da mesma década, a palavra migrou para conjuntos que apresentam ambas sambas românticos. 

Partido alto → Como dissecado no livro "Partido Alto − Samba de Bamba”, de Nei Lopes, como origens estão na Bahia (samba de roda, chula etc.) e nas zonas rurais de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro (calango) , jongo etc.). A prática se consolida no Rio entre comunidades de descendentes de africanos escravizados. Consiste, basicamente, em improvisos feitos a partir de um refrão. Podem ser dois desafios ou vários em uma roda. 

Primeira → Praticado sobretudo na Bahia, o samba de primeira era semelhante ao partido alto, mas ainda é fixo. O coro repetia os versos entoados pelo solista. 

Também chamado de samba corrido. 

Q 

Quadra → O mesmo que samba de meio de ano e uma atualização do samba de terreiro, pois os pisos das escolas de samba foram cimentados. 

R 

Raiz → O samba de raiz é um termo criado para diferenciar o samba do pagode romântico e, assim, indicar que este é uma invenção comercial, sem ligação com as origens do samba. 

Rap → Das periferias a partir dos dois anos, nos trabalhos em favelas e rap se encontraram a partir de Marcelo D2, O Rappin' Hood, Criolo e Marcelo D2, O Rappin' Hood, Criolo e. 

Reggae → O samba-reggae surgiu nos anos 1980 em Salvador, em função da forte influência do reggae na música da cidade. Blocos tradicionais como Olodum e Ilê Aiyê difundiram o ritmo, inclusive internacionalmente. 

Rock → Jorge Ben Jor é tido como o maior expoente do samba-rock, principalmente após começar a tocar guitarra. É uma mudança do sambalanço. 

Roda → O samba de roda é a forma mais conhecida do samba do Recôncavo Baiano. Cantado e dançado em roda, tem estrutura de pergunta e resposta: refrão de um lado, quadras da tradição oral ou improvisadas de outro. 

S 

Sincopado → Todo samba tem síncope, mas os deslocamentos rítmicos são mais acentuados no samba sincopado. Com sua maneira balançada de interpretar, cantores foram fundamentais para firmar o. Entre eles, Luiz Barbosa, Vassourinha, Cyro Monteiro, Miltinho, Jorge Veiga e João Nogueira. 

T 

Telecoteco → Sinônimo de samba sincopado, pode ser marcado por caixa de fósforo, tamborim, chapéu de palha e até batida de lápis nos dentes. 

Terreiro → Os sambas de terreiro eram nas escolas de samba do ano, não sendo bons para o Carnaval. Um compositor ganhou reconhecimento nas agremiações graças a seus sambas de terreiro. 

Universitário → Samba feito por jovens de classe média. A expressão foi usada no final dos anos 1950 e ao longo dos anos 1960, da bossa nova à consolidação da MPB, fenômeno essencialmente de classe média. 

Urbano → O samba urbano se contrapõe às modalidades de samba rural, surgidas no interior do país. Também passou a designar uma forma de samba nascida no bairro do Estácio de Sá, no Rio, no final da década de 1920. Contrapunha-se ao samba amaxixado, ainda influenciado pelos estilos do Recôncavo baiano. 

V 

Vela → Fundada em 2000, a roda do Samba da Vela virou um movimento, reunindo em Santo Amaro, nas noites de segunda-feira, diversos sambistas de São Paulo e estimulando a criação de outras rodas pela cidade. A música começa quando a vela está acesa e termina no momento em que a chama apagada. 

Viola → Como ensina Nei Lopes, é um samba do Recôncavo Baiano em que o praticante canta, dança e se acompanha de uma viola. 

X 

Xiba → Segundo o pesquisador Sílvio Romero, a palavra designava samba no Norte do país. E também é um gênero próprio, cantado e dançado nas áreas rurais do Sudeste. 

Z 

Zabumba → Praticado no interior de São Paulo, o samba de zabumba é o mesmo que samba-lenço, mas sempre com a presença do instrumento que dá nome ao estilo. 

(Da Folha de São Paulo)

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