sexta-feira, 20 de maio de 2022

Versinhos revisitados

 Por Fraga*

I

Batatinha quando nasce

esparrama pelo chão,

aí vem o intermediário

e começa a inflação. 

II

Atirei um limão verde

de pesado foi ao fundo.

E os peixinhos gritaram:

“Tem DDT, seu imundo!” 

III

Lá atrás daquele morro

corre água com  sabão.

Meu verso acabava em sexo

se não tivesse ´poluição. 

IV

Quando eu era pequeninho

minha mãe me dava leite.

E agora que eu sou grande

a carestia me dá porrete. 

V

Ciranda, cirandinha,

vamos todos cirandar.

Vamos dar a meia volta,

que a ordem é circular! 

VI

O anel que eu te dei

era falso e se quebrou.

O carnê que tô pagando

é de verdade e me ralou. 

VII

Eu fui no itororó

buscar água e não achei.

Encontrei só detergente

e de raiva eu espumei. 

VIII

Se essa rua fosse minha

eu mandava ladrilhar

com recibos de impostos

pra Prefeitura se lembrar. 

IX

Cassetete que bate-bate,

cassetete que já bateu.

Quem gosta dele é o PM,

quem detesta ele sou eu. 

X

Atirei um pau no gato,

mas o gato não morreu.

A Protetora indignou-se

com um animal como eu. 

XI

Se eu fosse um peixinho

e soubesse negociar,

enriquecia com o óleo

que há nas ondas do mar. 

XII

O cravo brigou com a rosa

debaixo duma sacada.

O prédio não foi tombado

e a história foi especulada. 

XIII

Marcha soldado,

cabeça de papel.

Se não marchar pra direita,

vai preso pro quartel.

 

* Do livro “Punidos venceremos.”

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