quinta-feira, 14 de outubro de 2021

Éguas mancas e mulheres ligeiras

 

Sebastião Nery 

Já no fim da vida (nasceu em 1880 e morreu em 1959), derrotado na eleição de 58 para a Câmara dos Deputados, onde representava o Rio Grande do Sul, vivendo como um monge no Hotel Itajubá, na Cinelândia, no Centro do Rio, e sempre jogando nas roletas dos cassinos e nos cavalos do Jockey Club, Flores da Cunha caminhava apressado pela Avenida Nossa Senhora de Copacabana, pendurado em seu indefectível charuto.

O diretor da Caixa Econômica, Veiga Faria, encontrou-o:

- General, como vai o senhor? Parece preocupado.

- Vou ali ao Banco da Província do Rio Grande fazer uma promissória.

- Mas como, general? Em 1912 o senhor já era deputado federal pelo Ceará. Depois, deputado e senador pelo Rio Grande do Sul até 1930. Em 30, foi um dos líderes da revolução, interventor e governador do Rio Grande de 30 a 37 e vice-presidente da Câmara dos Deputados. E ainda precisa tomar dinheiro emprestado para o dia-a-dia?

- Pois é, meu filho. Tudo culpa de éguas mancas e mulheres ligeiras.


Gen. Flores da Cunha no Jóquei Cube do Rio de Janeiro

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