sexta-feira, 8 de outubro de 2021

Livros só mudam pessoas

 

“Os livros não mudam o mundo,

quem muda o mundo são as pessoas.

Os livros só mudam as pessoas.” 

Mário Quintana 

Livros só mudam pessoas 

Gisele Vitória 

Sinceramente, existem poucas coisas mais simples do que essa frase do poeta Mário Quintana: “Os livros não mudam o mundo, quem muda o mundo são as pessoas. Os livros só mudam as pessoas.” Nas páginas de um livro estão todos os caminhos, argumentos e chaves para abrir o pensamento. Então, por que se lê tão pouco no Brasil? Tirando o analfabetismo, as razões esbarram em questões culturais. Entrevistei, certa vez, a escritora Ana Maria Machado, premiada na área infanto-juvenil, e perguntei como se consegue fazer uma criança gostar de ler. Ela respondeu: “Dando o exemplo.” Os pais levam os filhos ao parque e ao cinema. Levam à livraria? Na maioria das vezes, não. Logo que a saga de Harry Potter, de J. K. Rowling, começou a virar fenômeno mundial, muito se debateu sobre a qualidade do best-seller baseado no bruxinho órfão. O crítico literário e escritor inglês Harold Bloom, por exemplo, disse que não adiantava ficar assanhado com o sucesso de Harry Potter porque esses adolescentes se tornariam, no futuro, no máximo, leitores de Stephen King. Mas como bem lembrou Ana Maria Machado, a amizade com os livros se faz de várias maneiras. Potter poderia levar a Marcel Proust? Sim, se o primeiro proporcionar o prazer da leitura. Já dizia o poeta Oswald de Andrade: “A massa ainda comerá o biscoito fino que eu fabrico.” Muito timidamente, isso acontece. Ver Espumas flutuantes, de Castro Alves, ser vendido a dois reais – numa dessas máquinas em que se inserem as moedas e o produto é liberado – em uma estação de metrô parece devaneio. Mas acontece: eu vi! Vai demorar muito para chegarmos às tiragens iniciais de um John Grisham, por exemplo, de quase um milhão de exemplares só nos Estados Unidos. Mas o caminho é esse: dar o exemplo e dar acesso.

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