Grant Mariano
Encontraram-se
num parágrafo.
Ele:
um ser ínfimo, quase nada, um ponto;
ela:
toda cheia de curvas, uma interrogação.
Ele
lançou-lhe um olhar reticente
que
se fixou nos dois pontos dos olhos dela.
Percorrendo
seu corpo, deteve-se no etc.
Simétrica!
Sem dúvida!
Para
parnasiano nenhum botar defeito!
Subordinado
àquela figura metafórica, sentou-se.
Ai!
Da
voz grave saiu-lhe a interjeição.
Mas
que desgraça a minha...
Não
é que havia sentado num acento agudo?!
Por
instantes, sentiu vontade de sair fora da linha.
Como?
Se
um travessão os separava.
Circunflexo,
apoiou-se na margem a sonhar.
Que
bom seria se seus desejos fossem sinônimos
para
poderem unir-se numa conjunção final.
Ele
a cobriria de artigos indefinidos,
e,
quem sabe até,
juntos
poderiam iniciar uma oração.
Impossível!
Aquilo
das maiúsculas era privilégio.
Mas,
o verbo, ao menos,
haveria
de permitir-lhe acompanhá-la
por
um longo período.
Tão
perto estaria que um adjunto tornar-se-ia;
quem
sabe, um complemento.
Súbito,
viu aproximar-se um sujeito,
que
até então oculto estivera.
Possessivo
de ciúmes, a princípio (numa exclamação)
classificou-o
como anômalo.
Mas,
finalmente, por sujeito indeterminado decidiu-se.
E
ele então se sentiu reduzido a um diminutivo sintético.
Cruzaram
asteriscos pela mente conturbada.
Só
lhe restava jogar-se e sumir nas entrelinhas.
No
entanto, dele se aproximou uma figura magra, curvada,
uma
vírgula, em tudo colocando um ponto final.
Pondo
seus pensamentos em ordem alfabética,
voltou
à realidade de uma maneira coordenada.
O
sonho foi desfeito, tornando-se ele, um agente da passiva.
Como
pudera casar-se com aquela proparoxítona real,
sem
predicado algum, sequer uma partícula de realce possuía?
Tornara-se
objeto indireto das brincadeiras
de
estilo irônico ou mesmo satírico.
Agora
não restam alternativas ou explicativas,
concluiu
numa análise sintática.
Esquecer
era preciso,
e
fazer daquilo
um ponto final.
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