(...) Lá em Bagé tinha um bolicho chamado Bago's. Era onde a indiada se reunia pra coçar o saco, tomar cana com pólvora e contar história de pelotense. Se passasse homem bem barbeado pela porta, lá vinham assobios e os gritos de “Aí, Rosinha” ou “Tá passando o Bambi”. Mas volta e meia aparecia um moço no bolicho. Bota de salto alto, cabelo mechado, brincos e passinho de quem não quer peidá. Entrava, ia até o balcão e tomava uma Fanta uva com o dedinho levantado. E a indiada quieta. Aí o moço rodopiava e saía. E se alguém estranhasse aquele respeito com o veado, ouvia logo a explicação: para entrar ali daquele jeito, o cara que tinha quer macho. Muito macho.
Do livro:
“Todas as Histórias do Analista de Bagé”,
De Luis Fernando Veríssimo
Nenhum comentário:
Postar um comentário