quinta-feira, 24 de abril de 2014

Poemas matemáticos

O Cilindro e o Cone


Protesta o cilindro
Todo aborrecido
Talvez cilindrado
De alta indignação:

“Senhor cone, então
porque é tenda de índio
já pensa que pode
olhar-me de lado?

Quem julga que eu sou?
Bidon de gasóleo?
Cilindro de estrada
Que a estrada pisou?

Tronco derrubado
De altíssima árvore
E por sobre as águas
De um rio, levado?

Senhor cone, então
Lá por sobre as águas
De um rio, levado?

Senhor cone, então
Lá por ir à frente
De algum foguetão,
Já não fala à gente?”

Responde-lhe o cone:

“Meu amigo, oh não,
Perdoa este jeito
Que eu trago comigo!
É que isto de estar
De nariz no ar
Não é por vaidade,
É habituação...”

Maria Alberta Menéres

Bissetriz


Foi por um triz
Que a bissetores
Corda esticada
Do canto do ângulo
Ao infinito
Se equilibrou
No seu lugar
Sem dar um grito
E fez de um quarto
(ângulo enorme)
sim, de um salão
para alugar
a quem der mais,
dois belos quartos
tal qual iguais
para habitar...

Maria Alberta Menéres



Nenhum comentário:

Postar um comentário