sábado, 29 de outubro de 2016

A linguagem varia ou vareia?



Diariamente nos deparamos com situações de desconforto no uso da língua portuguesa. Isso provoca certas discussões sobre o falar CERTO ou ERRADO! Mas quem determina esses parâmetros? Quais são os interesses de quem determina o que deve ser ou não PADRÃO em nossa língua? Como devemos mesmo usar a língua em benefício próprio? Quais são as formas inadequadas, em que situações e em que momentos devemos usar essa ou aquela forma de expressão linguística? O que podemos considerar certo ou errado? Existe isso? Pra que serve falar certo ou errado? A gente pode falar ou escrever de qualquer jeito? Existe mesmo alguma recomendação ou normatização que deva ser obedecida no uso da língua? Vamos ver um pouco sobre isso a seguir.

É bom sabermos que existem DIVERSIDADES de linguagem e que há explicações fundamentadas para o uso adequado em cada situação envolvendo o falante da Língua Portuguesa. Não há porque condenar ou, até, excluir os falantes de nossa língua que falam fora da Norma Padrão!

Esse caso é semelhante ao do verbo “vadiar” (eu vadio, tu vadias, ele vadia, nós vadiamos, vós vadiais, eles vadiam), cuja variante oral está bem registrada nas vozes de Clara Nunes e Clementina de Jesus no samba “Não vadeia”, de Candeia.

Não vadeia, Clementina,
Fui feita pra vadiar.
Não vadeia, Clementina,
Fui feita pra vadiar, eu vou…
Vou vadiar, vou vadiar, vou vadiar, eu vou.
Vou vadiar, vou vadiar, vou vadiar, eu vou.

Energia nuclear,
O homem subiu à Lua,
É o que se ouve falar,
Mas a fome continua.
É o progresso, tia Clementina,
Trouxe tanta confusão.
Um litro de gasolina
Por cem gramas de feijão.
Não vadeia, Clementina,
Fui feita pra vadiar.

Não vadeia, Clementina,
Fui feita pra vadiar, eu vou…
Vou vadiar, vou vadiar, vou vadiar, eu vou.
Vou vadiar, vou vadiar, vou vadiar, eu vou.

Cadê o cantar dos passarinhos,
Ar puro não encontro mais não.
É o preço que o progresso
Paga com a poluição.
O homem é civilizado,
A sociedade é que faz sua imagem,
Mas tem muito diplomado
Que é pior do que selvagem.


(Do ABC da Língua Portuguesa, texto do Prof. Adil Lyra)


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