Diariamente nos deparamos com
situações de desconforto no uso da língua portuguesa. Isso provoca certas
discussões sobre o falar CERTO
ou ERRADO! Mas quem determina esses parâmetros? Quais são os interesses de quem
determina o que deve ser ou não PADRÃO
em nossa língua? Como devemos mesmo usar a língua em benefício próprio? Quais
são as formas inadequadas, em que situações e em que momentos devemos usar essa
ou aquela forma de expressão linguística? O que podemos considerar certo ou
errado? Existe isso? Pra que serve falar certo ou errado? A gente pode falar ou
escrever de qualquer jeito? Existe mesmo alguma recomendação ou normatização
que deva ser obedecida no uso da língua? Vamos ver um pouco sobre isso a
seguir.
É bom sabermos que existem DIVERSIDADES de linguagem e que há explicações fundamentadas
para o uso adequado em cada situação envolvendo o falante da Língua Portuguesa.
Não há porque condenar ou, até, excluir os falantes de nossa língua que falam
fora da Norma Padrão!
Esse caso é semelhante ao do verbo
“vadiar” (eu vadio, tu vadias, ele vadia, nós vadiamos, vós vadiais, eles
vadiam), cuja variante oral está bem registrada nas vozes de Clara Nunes e
Clementina de Jesus no samba “Não vadeia”,
de Candeia.
Não vadeia, Clementina,
Fui feita pra vadiar.
Não vadeia, Clementina,
Fui feita pra vadiar, eu vou…
Fui feita pra vadiar.
Não vadeia, Clementina,
Fui feita pra vadiar, eu vou…
Vou vadiar, vou vadiar, vou
vadiar, eu vou.
Vou vadiar, vou vadiar, vou vadiar, eu vou.
Vou vadiar, vou vadiar, vou vadiar, eu vou.
Energia nuclear,
O homem subiu à Lua,
É o que se ouve falar,
Mas a fome continua.
O homem subiu à Lua,
É o que se ouve falar,
Mas a fome continua.
É o progresso, tia Clementina,
Trouxe tanta confusão.
Um litro de gasolina
Por cem gramas de feijão.
Trouxe tanta confusão.
Um litro de gasolina
Por cem gramas de feijão.
Não vadeia, Clementina,
Fui feita pra vadiar.
Não vadeia, Clementina,
Fui feita pra vadiar, eu vou…
Fui feita pra vadiar.
Não vadeia, Clementina,
Fui feita pra vadiar, eu vou…
Vou vadiar, vou vadiar, vou
vadiar, eu vou.
Vou vadiar, vou vadiar, vou vadiar, eu vou.
Vou vadiar, vou vadiar, vou vadiar, eu vou.
Cadê o cantar dos passarinhos,
Ar puro não encontro mais não.
É o preço que o progresso
Paga com a poluição.
Ar puro não encontro mais não.
É o preço que o progresso
Paga com a poluição.
O homem é civilizado,
A sociedade é que faz sua imagem,
Mas tem muito diplomado
Que é pior do que selvagem.
A sociedade é que faz sua imagem,
Mas tem muito diplomado
Que é pior do que selvagem.
(Do ABC da Língua
Portuguesa, texto do Prof. Adil Lyra)
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