sábado, 1 de maio de 2021

A ciência, o acaso e a persistência.

 

William Henry Perkin* 

O famoso químico francês Louis Pasteur costumava dizer que, no campo da ciência, a sorte só favorece as mentes preparadas. Isso significa que, para se realizar um grande descobrimento, não basta ter sorte, é preciso que a pessoa dê atenção a ela. William Henry Perkin, o descobridor da malva, era uma dessas pessoas atentas. Aos 18 anos estagiava num laboratório em Londres, tentando sintetizar a quinina, um medicamento natural, para o combate à malária. Não só não conseguia alcançar seu objetivo como, por mais que trabalhasse, sempre chegava a um pó negro aparentemente inútil. Entretanto, levado por seu espírito curioso, o jovem Perkin passou a realizar alguns testes com esse pó, e descobriu que, dissolvido em álcool, ele dava uma coloração púrpura muito forte, bonita e persistente, que não saía na água nem desbotava sob a luz do sol. Seus companheiros ridicularizavam a descoberta, chamando-a de “lama púrpura”. Felizmente, o químico inglês não se abateu e, prático que era, montou uma pequena fábrica para produzir esse novo pigmento, que batizou de púrpura de anilina. O triunfo definitivo não tardou: a rainha Vitória usou um vestido dessa cor no casamento da sua filha, e Eugénie, esposa de Napoleão III e imperatriz da França, afirmou que aquela cor combinava com os seus olhos! 

Os franceses, com um pouco mais de romantismo, rebatizaram a púrpura de anilina com o nome de malva, como a planta de mesma cor, Malva sylvestris. Nos anos seguintes − chamados de década da malva −, essa cor ditou a moda nas altas esferas sociais, e Perkin, que enriqueceu muito rápido com a sua fábrica de pigmentos, pôde aposentar-se, milionário, aos 35 anos.

Outro pigmento sintetizado por acaso foi o índigo, aquele que dá o azul da sua calça jeans. O nome desse pigmento provém de sua terra de origem (Índia), onde, no final do século XIX, cerca de dois milhões de acres eram cultivados apenas para produzi-lo. Em 1897, um químico chamado Sapper, durante o trabalho no seu laboratório, quebrou, por acidente, o termômetro de mercúrio dentro do frasco onde ocorriam reações. Ele notou que, devido ao mercúrio, a reação era diferente, dando como produto uma substância que, com muita facilidade, podia ser convertida em índigo.

(Projeto Ciência − Química em casa, de Breno Pannia Espósito) 

*Em 1856, um estudante de química britânico de dezoito anos chamado William Henry Perkin estava tentando fazer um quinino sintético. Seus experimentos produziram, em vez disso, o primeiro corante anilina sintético, uma cor púrpura chamada malvaína, encurtada simplesmente para malva. Levou o nome da flor de malva, que é a mesma cor. A nova cor rapidamente se tornou moda, especialmente depois que a rainha Victoria usava um vestido de seda tingido de malva para a Exposição Real de 1862. Antes da descoberta de Perkin, o malva era uma cor que só a aristocracia e os ricos podiam usar. Perkin desenvolveu um processo industrial, construiu uma fábrica e produziu o corante por tonelada, para que quase todos pudessem usar malva. Foi o primeiro de uma série de corantes industriais modernos que transformaram completamente a indústria química e a moda.

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