domingo, 16 de maio de 2021

Homeopoesia

 (Texto de Max Nunes sobre a homeopatia)

Não sei se a homeopatia cura ou não. Mas acho lindos os nomes de seus remédios. Eis alguns, colhidos no velho Guia Homeopático de Almeida Cardoso, de 1938: 

Bórax − Lembra nome de âncora de telejornal, mas resolve a falta do leite materno. 

Briônia − Uma rainha da antiga Babilônia? Não. É um remédio para problemas da bexiga e suores noturnos. 

Dulcâmara − Para dores reumáticas ou nome de mucama em filme brasileiro de época. 

Gelsemium − Remédio para senhoras histéricas. Cairia igualmente bem como nome de parlamentar corrupto. 

Ipecacuanha − Serve para bronquite catarral ou para batizar cidade do interior paulista. 

Jucaína − Remédio que não informam muito bem para o que serve, mas cujo nome seria ideal para índia de novela. 

Lobélia − Poderia ser o título de um balé do Bolshoi com coreografia de Roland Peti, mas também cura sarna. 

Stramonium − Ficaria melhor como nome de compositor russo, mas é remédio para insônia. 

Uma certeza: enquanto houver homeopatia, não vai faltar poesia.

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