terça-feira, 19 de dezembro de 2023

Pequenas histórias de grandes homens

 

Nos Anos 30 Mahatma Gandhi esteve no Reino Unido, para conferenciar com o então primeiro-ministro Ransey MacDonald (trabalhista). Visitou fábricas na Escócia, “sentiu” o povo britânico, observou, julgou. E embarcava de volta à Índia, quando um jornalista o abordou e perguntou da forma mais incisiva possível: “Então, o que pensa da sociedade moderna?” Gandhi o surpreendeu dizendo apenas: “Acho que seria uma boa ideia”.

Aurélio Buarque de Holanda Ferreira foi autor da bíblia dos revisores, editando o seu famoso dicionário. Teve o mérito de reconhecer e recolher nele palavras novas e expressões idiomáticas dotadas do cordão de fazer a língua portuguesa utilizada no Brasil projetar-se à frente por muitos anos. A Academia Brasileira de Letras recebeu-o de braços abertos ‒ merecidamente. Houve noite em que Aurélio, depois de vestir o fardão imponente para participar de sessão na Casa de Machado de Assis, correu ao carro, atrasado, mas viu com aflição que a bateria arriara e só lhe restava sair à rua e tourear um táxi. Foi o que fez. Parou o primeiro que passava e disse ao motorista para ir onde queria ir. O problema é que o motorista dirigia olhando para trás quase o tempo todo, impressionado com o fardão. Até que não resistiu. Parou o carro à beira de uma calçada e perguntou, reverente: 

‒ Vós sois rei? 

Aurélio deu risada, explicou quem era e o que era, porém pediu ao motorista que andasse ligeiro, pois estava certo de que quando chegasse à Academia a sessão já teria começado. O bom homem não parou o carro de novo, mas aproveitou para informar: 

‒ O distinto não precisa ficar aflito. Do jeito que está vestido nada vai começar sem o distinto chegar.  

(Do livro: “É isso aí! Humor VIP”, de Arnaldo Lacombe)


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