domingo, 17 de dezembro de 2023

Samba do Avião

 Tom Jobim 

Samba do Avião” é considerada uma das principais canções da Bossa Nova de todos os tempos. Escrita por Antonio Carlos Jobim em 1962, a música faz uma ode às belezas naturais do Rio de Janeiro e sugere a emoção que o cantor, compositor e maestro sentia toda vez que regressava à cidade de suas turnês pelo mundo. 

Diz a lenda que “Samba do Avião” foi composta ainda no interior de uma aeronave. Há versões que dizem que ela começou a ser criada nos céus e foi concluída mais tarde em terra firme. Essa é justamente a opção menos crível e mais bonita sobre o desenvolvimento da música. Não me parece verossímil que alguém que esteja apavorado em um avião consiga compor. Porém, que é incrível vislumbrarmos Tom Jobim angustiado em sua poltrona, olhando para o Rio lá embaixo e criando os versos da canção é maravilhoso. 

Para corroborar com essa tese, “Samba do Avião” descreve as saudades que o compositor sentiu do Rio e dos cariocas durante a curta temporada no exterior. Os versos que melhor exemplificam tal sentimento são: “Este samba é só porque/ Rio eu gosto de você/ A morena vai sambar/ Seu corpo todo balançar/ Rio de sol, de céu, de mar”. Em alguns momentos, tenho a impressão de que prevalece o medo do compositor pela viagem feita nas alturas. Logo no início da música, temos: “Minha alma canta/ Vejo o Rio de Janeiro/ Estou morrendo de saudade”. Juro que, quando ouço esses versos, sempre imagino outras palavras: “Minha alma chora/ Vejo o Rio de Janeiro de cima/ Estou morrendo de medo”. E o que dizer, então, da parte que fala: “Aperte o cinto, vamos chegar/ Água brilhando, olha a pista chegando/ E vamos nós aterrar”? Parece-me que o passageiro está realmente angustiado. Afinal, o avião não aterra, ele pousa. 

Do blog Bonas Histórias

Tom Jobim desembarcando no Galeão – Rio de Janeiro 

Eparrê!
Aroeira beira de mar,
Canoa, Salve Deus e Tiago e Humaitá.
Eta, costão de pedra dos home brabo do mar.
Ê, Xangô, vê se me ajuda a chegar.
 

Minha alma canta,
Vejo o Rio de Janeiro.
Estou morrendo de saudades,
Rio, seu mar, praia sem fim,
Rio, você foi feito pra mim.
 

Cristo Redentor,
Braços abertos sobre a Guanabara.
Este samba é só porque,
Rio, eu gosto de você.
A morena vai sambar,
Seu corpo todo balançar.
Rio de sol, de céu, de mar.
Dentro de mais um minuto estaremos no Galeão.
Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Copacabana...
Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Copacabana...
 

Cristo Redentor,
Braços abertos sobre a Guanabara.
Este samba é só porque,
Rio, eu gosto de você.
A morena vai sambar,
Seu corpo todo balançar.

Rio de sol, de céu, de mar.
Água brilhando, olha a pista chegando
E vamos nós... Pousar...

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