Olavo Bilac por Toni Dagostini
Soneto que escreveu em São paulo, em 1887, refundiu no Rio, em 1895, a uma viúva.
Domingo. Chove. Como é triste a
chuva!
Como é triste e monótono o
domingo!
Ouço a chuva cair de pingo em
pingo...
Ah! se chegasses, pálida viúva!
Sonho que chegas; livro-te da
capa;
Todas as vestes úmidas te
arranco;
Como de um ninho, o teu pezinho
branco,
De bota, como um pássaro, se
escapa...
Bátegas de águas, trépidas, lá
fora.
Tremes de frio, entrechocando os
dentes...
Rufam nas pedras, encharcando a
rua!
E, dos meus lábios, trêmulos,
ardentes,
Outra chuva te cai, quente e
sonora,
− Chuva de beijos − sobre a
espádua nua.
O poeta tem peças dum erotismo tanto
perverso, delirante, pornográfico que, certamente, corava as professoras tão
sóbrias. Ficou famoso o papelucho deixado por Emílio de Menezes para o epitáfio
do amigo:
"Bilac esta cova encerra.
Choram sacros e profanos...
Muitos anos coma a terra,
a quem comeu tantos ânus!”
Delírio
Olavo Bilac
Nua, mas para o amor não cabe o
pejo.
Na minha, a sua boca eu comprimia
E, em frêmitos carnais, ela
dizia:
‒ Mais abaixo, meu bem, quero o
teu beijo!
Na inconsciência brutal do meu
desejo
Fremente, a minha boca obedecia,
E os seus seios, tão rígidos,
mordia,
Fazendo-a arrepiar em doce
arpejo.
Em suspiros de gozos infinitos
Disse-me ela, ainda, quase em
grito:
‒ Mais abaixo, meu bem! ‒ num
frenesi!
No seu ventre pousei a minha
boca,
‒ Mais abaixo, meu bem! ‒ disse
ela, louca.
Moralistas ‒ perdoai! Obedeci...
Por estas noites
Por estas noites frias e brumosas
É que melhor se pode amar,
querida!
Nem uma estrela pálida, perdida,
Entre a névoa, abre as pálpebras
medrosas.
Mas um perfume cálido de rosas
Corre a face da terra
adormecida...
E a névoa cresce, e, em grupos
repartida,
Enche os ares de sombras
vaporosas:
Sombras errantes, corpos nus, ardentes
Carnes lascivas... um rumor
vibrante
De atritos longos e de beijos
quentes...
E os céus se estendem, palpitando, cheios
Da tépida brancura fulgurante
De um turbilhão de braços e de
seios.
Muito bom esses poemas !
ResponderExcluiruna buena traduccion al castellano?
ResponderExcluirOlavo Brás Martins dos Guimarães Bilac (1865 – 1918) - foi um poeta brasileiro, parnasiano, jornalista, e um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, criou cadeira 15, que tem Gonçalves Dias por patrono. Foi o mais importante representante do Parnasianismo brasileiro. Sinceramente, maritex, não sei se esses poemas foram traduzidos para o espanhol...
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