domingo, 10 de abril de 2022

Mateando*

 

Glaucus Saraiva 

Palmeio o velho porongo,
Derramo a erva com jeito,
Encosto a cuia no peito
Batendo a erva pra um lado;
Com os quatro dedos curvados
Formo um topete bem feito.
Com um pouquinho de água morna
Bem devagar despejado,
Tenho o amargo ajeitado
Que ponho a um canto pra inchar
E espero a água esquentar
Pitando o baio sovado.
A pava chiou no fogo
Encho a cuia que promete;
A espuma se arremete
Bem pra cima, borbulhando,
E acariciante, beijando,
Branquela todo o topete.
Agarro a bomba de prata,
Tapo o bocal com o dedão,
E calço o bojo bem no chão
Da cuia e vou destapando
A bomba que vai chupando
Um pouco do chimarrão.
Derramo outro pouco d’água
Para aumentar o calor…
E o mate confortador
Vou sorvendo em trago largo,
Pois me saiu um amargo
Despachado e roncador…
 

 

* Uma aula de como se fazer um bom mate.


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