Fábula britânica
(Robert Dodsley, 1703-1764)
Uma jovem andava pelo jardim quando o diamante caiu de seu anel e aterrissou numa fenda entre duas pedras.
– Boa noite! Quem é você? – perguntou um vaga-lume* ao se aproximar para olhar de perto o recém-chegado.
– Sou um diamante brilhante – respondeu o outro.
– Bem-vindo ao lado escuro da vida – disse o vaga-lume. – Você não vai brilhar muito aqui embaixo.
O vaga-lume fez sua lanterna brilhar o mais que pôde e acrescentou:
– Ah, diamante, o que aconteceu com seu brilho agora? Nesta hora de má sorte você ficou à mercê do meu esplendor.
– Talvez por enquanto – respondeu o diamante. – Contudo, você é apenas um vaga-lume convencido, que deve sua luzinha à escuridão ao seu redor. Eu continuo sendo um diamante, que passa na prova do dia.
Na manhã seguinte, quando o Sol se elevou fulgurante no céu, o vaga-lume desapareceu. Mas o diamante cintilou, pois ele refletia os raios solares.
(Do livro “Fábulas do mundo todo”)
P.S. Há pessoas que possuem um brilho natural pela sua forma gentil e amorosa de viver, e há aquelas que imaginam que possuem esse brilho...
*Antes da Reforma Ortográfica, a forma vagalume, sem hífen, era considerada correta. Contudo, com a entrada em vigência do Novo Acordo Ortográfico, a grafia certa passou a ser a com hífen:
vaga-lume.
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