sexta-feira, 10 de fevereiro de 2023

Beijos

 

A lenda dos beijos 

Giuseppe Ghiaroni  

Quando Deus se apiedou ligeiramente

da amarga condição da humanidade,

inventou esses beijos com que a gente,

ainda hoje, se esquiva à claridade. 

Chamou seus anjos sucessivamente

e, com beijos de pura suavidade,

descobriu tanto beijo diferente

que ofuscou a visão da Eternidade. 

Mas como o Céu é a cúpula parada

onde não há mais luta, nem desejo,

seus beijos eram beijos de chegada. 

Eis porque quando eu parto, minha vida,

beijo-te tanto, e quanto mais te beijo,

menos encontro beijo da partida. 

Beijos 

Giuseppe Ghiaroni 

Eu beijo as lindas mãos da minha amada

e vou sozinho pela noite, ouvindo

o eco dos meus passos construindo

as muralhas da ausência na calçada. 

Pois eu não sei que pérfida cilada

arma-lhe a vida que lhe está sorrindo,

mas sei que um rosto, quanto mais é lindo,

mais mostra a mágoa, na expressão magoada. 

Eu beijo as lindas mãos da minha amada.

Se ela sofrer, chorando de desgosto,

Pondo o rosto entre as mãos, desesperada... 

Nesse momento, como por encanto,

as suas mãos hão de beijar seu rosto

e os meus dois beijos secarão seu pranto!

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